Quem iria imaginar que um dia teríamos um vírus praticamente mortal que faria a humanidade ficar “toda” dentro de casa. Presidentes negacionistas, desigualdade social mais acentuada, pessoas brigando por comida e gente rica ficando ainda mais rica. Quer dizer, a gente já tinha visto isso por aí, em outros momentos históricos e em obras artísticas, mas isso é bem diferente de viver os acontecimentos no calor do momento.

Um desses lugares foi em Um Lugar Silencioso (2018), nele temos um vislumbre de um mundo dominado por uma raça alienígena que tem uma audição super apurada e ataca qualquer coisa que emita o menor dos ruídos (certamente eu não estaria mais nesse plano caso vivesse nessa realidade paralela de tão desastrado que sou). Essa primeira parte termina num momento chave do filme com a personagem de Emily Blunt pronta para enfrentar as criaturas frente a frente e salvar a vida de seus filhos. Em Um Lugar Silencioso Parte II (2020) continuamos a história a partir daí. Quer dizer, mais ou menos. Antes de seguirmos, assistimos aos eventos do dia da invasão em como a sociedade foi surpreendida por esses seres extraterrestres.

O segundo capítulo é um daqueles filmes que não dão tempo para qualquer deixa. Já começa com as coisas acontecendo a todo momento. Correria, alguém esbarra num objeto barulhento, monstro chega, tem que pensar rápido para sobreviver, a sociedade é podre, vamos nos salvar? Lembra bastante o ritmo de Mad Max: Estrada da Fúria (2015) nesse quesito de fuga pela sobrevivência.

Enquanto no primeiro tínhamos basicamente o drama de uma família unida tentando sobreviver à ameaça,Um Lugar Silencioso Parte II expande suas fronteiras para além da propriedade deles. O personagem que vai fazer essa ponte entre a família que tentava ser feliz e o que a sociedade se tornou é Emmett (Cillian Murphy). Ele é quem teve mais contato com o mundo pós invasão e viveu coisas que a família não viu enquanto estavam isolados. Inclusive, um detalhe é que, para além de um mundo pós-apocalíptico, acredito que o visual de Cillian Murphy aqui foi pensado para afastá-lo do seu personagem na série Peaky Blinders (2013 -) pelo qual o ator é tão fortemente associado atualmente. Seu personagem no filme vive no limiar entre salvar a própria pele e fazer a coisa certa. Extremos simbolizados pela família protagonista e as comunidades perversas que ele encontra pelo caminho.

É digno de nota também queUm Lugar Silencioso Parte II deixa que a história trilhe seus próprios caminhos e não é egoísta no sentido de querer concentrar a atenção apenas no casal protagonista. Caso você não saiba, John Krasinski, que interpreta Lee Abbott o pai da família, e Emily Blunt, são casados na vida real e é ele quem dirige os dois filmes e na parte dois, também contribui com o roteiro. Seria fácil e até viável para os dois como astro, pensando no star system, que a história focasse majoritariamente nos dois, mas ao invés disso são procurados caminhos diferentes para que a história se desenvolva sem criar apenas um personagem salvador.

É interessante emUm Lugar Silencioso Parte II prestar atenção nesse ponto de grupos que querem levar vantagem mesmo num momento tão caótico como o de uma invasão alienígena. Até então eu tinha visto essas atitudes somente em produções artísticas, conforme dito anteriormente, mas basta dar uma olhada nos jornais atualmente, aqui mesmo na nossa realidade, para identificá-las. Nas falas de quem chama uma ameaça séria de gripezinha ou de quem negocia a possibilidade de salvar a vida de pessoas mediante a uma propina durante um chope num shopping qualquer.

Um Lugar Silencioso Parte II

 

Ano: 2020
Direção: John Krasinski
Roteiro: John Krasinski, Scott Beck, Bryan Woods
Elenco principal: Emily Blunt, Millicent Simmonds, Millicent Simmonds, John Krasinski, Noah Jupe
Gênero: Drama, terror, ficção científica
Nacionalidade: Estados Unidos

 

Avaliação Geral: 5