Por Verônica Petrelli

Existe uma magia especial escondida nos filmes de época. Talvez seja pelo fato deles trazerem à tona uma cultura totalmente diferente dessa em que vivemos atualmente, com vestuário, costumes e hábitos opostos aos nossos. Ou talvez porque eles retratam, na maioria das vezes, acontecimentos verdadeiros que inspiraram gerações e que são tema dos livros de história no colégio. Seja como for, eles são mágicos. E mais ainda quando se trata de uma história tão bonita quanto Um Pouco de Caos.

O filme se passa na França do século XVII, época em que o monarca Luís XIV (Alan Rickman) estava no comando. Ele decide mudar a sede do reino do Louvre para o Palácio de Versalhes, no interior do país, e incumbe o paisagista e arquiteto André Le Notre (Matthias Schoenaerts; Ferrugem e Osso) de projetar os jardins do palácio. A fim de encontrar um ajudante para esse trabalho, Le Notre entrevista alguns candidatos, dentre eles a jardineira Sabine De Barra (Kate Winslet). O arquiteto fica intrigado com o estilo da paisagista, que é totalmente oposto ao seu, e mesmo assim decide contratá-la para a função.

Assim, a humilde Sabine inicia a construção de seu projeto e, ao mesmo tempo, tem que aprender a conviver num universo diferente do seu, em meio aos mais altos figurões da realeza. E André Le Notre está sempre ao seu lado, fiscalizando seu trabalho nos jardins e ajudando na imersão ao novo mundo. Aos poucos, a relação entre os dois começa a ficar mais forte e eles têm um caso de amor.

A primeira coisa bacana de se dizer com relação ao filme é que em nenhum momento ele chega a ser anacrônico. Todos os elementos típicos do século XVII e da monarquia francesa são muito bem colocados em todas as cenas. O figurino é espetacular e traduz muito bem aquela época, bem como os objetos de cena e os cenários que serviram como pano de fundo para as filmagens. E há um “quê” especial na incrível trilha sonora também. O jovem e estreante compositor Peter Gregson mandou muito bem em sua primeira atuação em longa-metragem.

Não podemos deixar de destacar o trabalho do diretor Alan Rickman. Ele não dirigia um filme desde 1997, quando estreou na função, mas isso não foi um empecilho. Alan soube conduzir muito bem a história de Sabine e André e conseguiu expor os dilemas e aflições de Luís XIV, humanizando o rei. Isso tudo apoiado pelo lindo roteiro de Alison Deegan. Os diálogos do filme são muito bonitos e as falas são compostas por metáforas. Metáforas encantadoras que fazem analogia a plantas, flores, sentimentos, jardins. Com certeza algumas frases do longa são dignas de serem anotadas no caderninho!

A única coisa que acaba deixando a desejar é a frieza nas emoções. Sabemos que isso é reflexo da época retratada no filme, um período em que as emoções eram contidas e não se tinha liberdade para expor os sentimentos. Mas ainda assim falta um “tchan” no amor de Sabine e André, falta paixão, falta carinho, falta apego. O filme seria ainda mais encantador se tivéssemos uma percepção bem romântica do casal protagonista, mas algumas vezes a conveniência parece falar mais alto do que o amor seco dos dois. E isso é um pouco triste. Aliás, tirando a relação honesta e bonita de Sabine com Luís XIV, todo o resto dos personagens parece agir por puro interesse.

Mas vale a pena. Pelos cenários, pelos figurinos, pela linda trilha sonora, pela aula de história.

Um Pouco de Caos

Um Pouco de Caos (A Little Chaos)

Ano: 2014

Diretor: Alan Rickman

Roteirista: Alison Deegan

Elenco: Kate Winslet, Matthias Schoenaerts, Alan Rickman, Stanley Tucci, Helen McCrory, Steven Waddington, Jennifer Ehle

Gênero: Drama, História, Romance

Nacionalidade: Reino Unido

 

 

 

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