Por Jenilson Rodrigues
Mais rápido que uma partida de futebol e melhor do que muita comédia hollywoodiana, o novo longa metragem do diretor francês Albert Dupontel apresenta uma visão bem humorada dos bastidores dos grandes tribunais e uma história divertida e surreal ao mesmo tempo.
A juíza Ariene Felder (Sandrine Kiberlain), muito entediada com a rotina diária, seus relacionamentos fracassados e os papos previsíveis entre os colegas de trabalho, resolve dar uma chance a si mesma e se permite experimentar uma noite sem regras na festa de fim de ano da firma. O problema é que ela se descobre grávida algum tempo depois sem nem mesmo ter alguma noção de quem possa ser o pai da criança. Começa então uma busca para desvendar o mistério.
Pelo menos nos primeiros minutos de filme há um ritmo bem interessante e as piadas se encaixam com naturalidade, mesmo algumas sendo manjadas como tombos ou pancadas na cabeça. Difícil foi manter esse padrão à medida que o enigma vai se afunilando e sendo resolvido aos poucos. Os contornos inusitados que a estranha história vai ganhando poderiam permanecer durante toda a trama tranquilamente, não deixando que o tom meio pastelão se perdesse com o desenrolar dos acontecimentos.
Assim como em vários filmes do cinema europeu contemporâneo o trabalho da equipe de produção não decepciona com relação à fotografia. Apesar deste não ser um fator fundamental e muitas vezes passar despercebido para o espectador de comédias, acabou sendo muito bem explorado. O maior destaque fica com as cores fortes utilizadas em cenas internas. Mesmo retratando a vida de uma juíza em seu ambiente de trabalho, algumas das poucas tomadas externas contemplam belas paisagens, como na linda e engraçada cena do campo de golfe.
As atuações também garantem a diversão, o diretor Abert Dupontel se saiu bem vivendo o esquisito criminoso Robert Nolan. Sandrine Kiberlain também é muito engraçada com seu jeito incomum e problemático, mas outro que rouba a cena e também proporciona boas risadas é o advogado gago Trolos (Nicolas Marié).
Uma Juíza sem Juízo não surpreende tanto, mas deixa uma boa impressão ao conseguir unir uma linguagem simples a um roteiro sem grandes truques ou reviravoltas. A sensação durante a sessão não chega a ser a de lugar comum, é mais como se o filme tivesse alcançado o status de agradável e resolvesse ficar por ali mesmo, sem tentar dar mais passos à frente ou retroceder.
Uma juíza sem juízo (Neuf Mois Ferme)
Diretor: Abert Dupontel
Roteiro:Abert Dupontel, Héctor Cabello Reyes
Elenco Principal: Sandrine Kiberlain, Abert Dupontel, Nicolas Marié
Gênero: Comédia
Nacionalidade: França
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