O filme de Stanley Kubrick, 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968), impressionou tanto os espectadores pelas suas inovações visuais na época que fez a população mundial, em plena Guerra Fria, duvidar se o homem tinha realmente ido à lua ou era mais uma produção do diretor. Certa vez, questionei uma professora de história do que ela achava a respeito de tal teoria, segundo ela, é somente uma teoria. Os soviéticos jamais aceitariam tal fato e, se isso tivesse ocorrido realmente, os americanos seriam desmascarados.

Depois de contar a história de um aspirante a baterista, uma aspirante a atriz e um aspirante a salvador do Jazz, Damien Chazelle conta a de um aspirante a primeiro homem a pisar na lua em O Primeiro Homem. O diretor repete sua parceria com o ator Ryan Gosling que interpreta o astronauta Neil Armstrong que pisou na lua em 1969.

A trajetória de Neil é vista pelo ponto de vista interno, tanto com relação à sua vida íntima, a relação com a sua esposa Janet Armstrong (Claire Foy) e a criação de seus filhos, quanto às missões. Em vez de investir em imagens já conhecidas pelo público, como o foguete decolando, visto por quem está por trás de uma janela ou em salas de operação (que existem, mas surgem em menor quantidade, e basicamente quando Neil está no solo), vemos tudo acontecer de dentro de sua cabine, como se estivéssemos nela, junto com os seus tripulantes. A escolha é interessante e boa para dar uma perspectiva diferente ao espectador.

Toda a tensão da missão é somada aos avisos de sua esposa, que sempre quer deixar Neil bem a parte do que pode acontecer à sua família. É uma personagem interessante, pois, seu objetivo não é fazer o astronauta desistir, mas lembrá-lo de onde ele está se metendo (pena a atriz não ter sido bem utilizada como Lisbeth no recente A Garota da Teia de Aranha). A Guerra Fria também se faz presente como outro ingrediente agregador à difícil decisão de Neil. Outras famílias que também estão envolvidas no projeto têm seus dramas revelados. A mensagem é clara: vale tanto sacrifício assim pra vencer os russos? O primeiro homem talvez pense que sim.

Mesmo com todos esses acertos, este não é o melhor trabalho de Damien. Acredito que muito por ser uma história real e, consequentemente, não dá margem para invenções de roteiro. O diretor fica um tanto “engessado” com o que aconteceu na vida real. No entanto, mesmo já sabendo o desfecho da história, todos os testes e treinamentos que dão errado conseguem injetar em nós mais adrenalina e tensão quanto ao futuro da missão e ficamos nos questionando se aquilo tudo realmente dará certo. Sério, isso de vermos a história de dentro da cabine das naves, me deixou muito nervoso e mesmo estando no conforto de uma sala escura, protegido pela distância da quarta parede, pude ao menos experimentar o quanto é tenso ter um trabalho desses. Quero não, viu.

O Primeiro Homem

 

Ano: 2018
Direção: Damien Chazelle
Roteiro:  Josh Singer, James R. Hansen
Elenco principal:  Ryan Gosling, Claire Foy, Jason Clarke
Gênero: ​Biografia, Drama, Histórico
Nacionalidade: Estados Unidos, Japão

Avaliação Geral: Avaliação Geral