Por Guilherme Franco

O Festival Varilux surgiu, segundo seu diretor Christian Bourdier para mostrar “o futuro do cinema francês”. Christian contou que o critério para a escolha dos filmes tem a ver com as distribuidoras e que esse ano foram 5000 sessões em lugares variados do Brasil. A curadoria também leva em conta fatores como destaque em festivais e prêmios conquistados, mas cada vez mais eles querem ter diversidade, não contar somente com “filme-cabeça”. Na edição deste ano, por exemplo, haviam liberdades de abordagens e de diretores, variados gêneros: de comédia, cinebiografia até animação.

Em 2016 o Festival trabalhou com o público infantil. Apesar de conter apenas um filme infantil (Abril e o Mundo Extraordinário), o pontapé inicial foi dado para a pluralidade da mostra. Este ano também foi a primeira vez que os filmes tiveram acesso à surdos. Christian complementa que o mercado brasileiro faz com que menos animações independentes vão para o circuito, têm-se uma dublagem cara, além de alguns fatores envolvendo distribuição.

O diretor Philippe Le Guay, um dos convidados desta edição, diz que o público é o motor do interesse, e disso vem o dinheiro, pelo fato dessas pessoas assistirem ao filme. O diretor comenta a atual situação do cinema e considera que “há crise em todos os níveis, mas existe resistência, e é importante que a nação vá defender sua cultura”. Christian Bourdier relata que no Brasil é política nacional e não de governo, e que a nação brasileira está ficando igual a francesa, “onde tudo é muito organizado, tem sindicatos, militantes” e que o Brasil tem potencial para uma união. Ainda, finaliza parabenizando os meios culturais e as atuais concentrações políticas.

Os diretores ainda falaram brevemente sobre seus longas presentes no Festival este ano. Roschdy Zem (Chocolate) fala que a ideia original para o filme foi do produtor, que descobriu um artigo na imprensa sobre o palhaço Chocolate. O ator que, segundo o próprio, se tornou diretor ao acaso em 2006, e sua equipe se perguntavam se interessava a história de um ator há 100 anos, que era uma estrela esquecida. E também queria contar com o filme o que era a França na época: furiosa, passional e complicada.

Florida, de Philippe Le Guay, levanta as questões sociais na quais vivemos, expressa intimidade, e o que às vezes não se manifesta em forma de palavra. O ator Vincent Lacoste relata que para ele “Lolo, o filho da minha namorada” é “uma neurose que ela (mãe) tem, mostra o receio e coisas típicas de mães”. A atriz de Agnus Dei, Lou de Laâge, falou sobre o processo do filme em que não fala uma palavra de polonês e mesmo assim ensaiou contracenou com vinte polonesas, conseguiu ver a simpatia e acolhimento no olhar do filme. “Fala-se de um poder que as pessoas querem exercer sobre o outro. Perguntamos se é assunto que iria levar as pessoas irem ao cinema, que questiona a fé e as crenças, mas que era importante para nós”.

Para finalizar, a atriz Virginie falou sobre os efeitos especiais do filme Um Amor à Altura, que os efeitos especiais do filme, como a diminuição da altura do ator Jean Dujardin e outros, foram totalmente artesanais. “Tinha hora que estava falando com um botão e ele ajoelhado.” Para Philippe Le Guay, que teve a oportunidade de ver Que Horas Ela Volta em um festival do Recife, “ter a oportunidade de ver a realidade do Brasil na França é fantástico”.