“Telling me to take a vacation from film-making is like telling a child to take a vacation from playing.” – Stanley Kubrick. (Me mandar tirar férias de filmar é a mesma coisa que mandar uma criança tirar férias de brincar).
Por Lívia Fioretti
Stanley Kubrick é considerado um dos grandes nomes na direção cinematográfica por vários motivos. Um diretor sem medo de errar, levado a pontos extremos para evitar mediocridade em seu trabalho, a fim de não cair no esquecimento (o que diga-se de passagem, conseguiu perfeitamente). Foram doze obras feitas em meio século de trabalho, cada uma radicalmente diferente da outra.
Quatorze anos após da morte de Kubirck, seus incríveis métodos de filmagem parecem disseminados graças ao entusiasmo dos admiradores por aprender mais sobre o mestre, fazendo com que boa parte dos aspectos criados pelo diretor continuem aparecendo nas telonas atualmente.
Apaixonado por xadrez e filmes exibidos no MAM (Museu de Arte Moderna), Kubrick tinha como preocupação inicial conseguir grandes histórias para seus roteiros, que depois de aprovadas por estúdios famosos eram executadas da forma mais inusitada possível. Por mais artístico que fosse seu cinema, o diretor fora financiado por Hollywood desde que houvesse liberdade total para trabalhar. Essa característica, por mais estranha que pareça, se dá ao fato de se tratar de uma época onde as películas não eram desenvolvidas para atingir o lucro máximo, e sim suprir os gastos e depois faturar.
Seus filmes abordavam assuntos distintos, mas que sempre levavam o espectador a meditar sobre os mesmos temas – guerra, violência, sexo, amor e morte – como se estivesse substituindo as preocupações que permeiam a razão, a irracionalidade, o controle e o caos. Além das tentativas do homem de dominar o mundo, impor sua vontade e seus fracassos inevitáveis, Kubrick trata o espectador como uma forma de voyeur, liberando desejos reprimidos e causando um certo estranhamento sobre si mesmo. No caso de Dr. Fantástico, Glória Feita de Sangue e Nascido para Matar, o diretor lança um olhar horrorizado sobre a guerra: não tanto em sua injustiça e violência, mas sim em sua loucura e falta de lógica mortais.
Nenhum outro diretor teve tamanha compreensão da mecânica cinematográfica, o que fez com que ele casasse o virtuosismo técnico a um entendimento quase espiritual da sétima arte. Kubrick envolveu as imagens de nosso subconsciente, os sentimentos e atitudes que podem ser provocados pela cor e movimento a um conteúdo intelectual admirável, resultando em visuais surpreendentes. De qualquer forma, nenhum de seus filmes recebeu elogios assim que lançados, sendo a maioria sujeitos à mudança gradual conforme os anos passaram.
Em questão de mistério, Stanley Kubrick disse uma vez: “nunca explicar”. Seus filmes são (como sempre serão) precisos, indescritíveis e sedutores; e que muitas vezes parecem estranhos e frios à primeira vista, mas depois descobrimos que podem falar conosco da forma mais humana possível.
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