Roteiro: Harley Peyton e Robert Engels. Direção: Lesli Linka Glatter.
“Às vezes, queremos nos esconder de nós mesmos. Não queremos ser quem somos. É muito difícil ser nós mesmos. Nestas horas, nos voltamos às drogas e ao álcool ou ao comportamento que nos ajuda a esquecer quem somos. Isso é, obviamente, somente uma solução temporária a um problema que sempre acaba voltando. E às vezes, essas soluções temporárias são piores do que o problema original. Sim, é um dilema. Existe uma resposta? É lógico que existe. Uma pessoa sábia disse que com um sorriso “A resposta está dentro da pergunta.”
Vício em algo é uma válvula de escape comum em qualquer sociedade, mas o que leva ao vício? De qual personagem a Senhora do Tronco deve estar falando? Será que é de Laura e a cocaína? Ou será que de algum outro que ainda não sabemos? A questão do ser é novamente posta em questão. Quem é quem, o que é real?
No episódio anterior, Harold percebe que Donna estava interessada no Diário de Laura Palmer e não em sua amizade (ou amor); logo, o episódio treze começa com uma performance histérica de Harold Smith, personagem delicadinho até que se vê traído e se torna violento – mas nem tanto. Após um discurso dramático que destrói o suposto caráter de Donna, Harold vai para cima de Donna e Maddy para recuperar o diário. Porém, nesse mesmo momento o “herói”, James Hurley, surge no momento exato para salvar.
Truman, Cooper e Hawk, após resgatarem Audrey, chegam a Roadhouse e a cena de romance entre Cooper e Audrey se inicia, mas infelizmente o beijo tão esperado não aconteceu, apenas um abraço e poucos diálogos que possam nos emocionar, não poderíamos esperar muito, já que Audrey está completamente dopada com heroína, dizendo coisas aleatórias. Ainda na Roadhouse, Truman descobre a identidade do assassino de Blackie, o perigoso Jean Renault, irmão mais velho de Jacques e Bernard, chefe da zona norte de tráfico, extorsão, apostas e muito mais. Finalmente caí a ficha de Cooper, que o alvo nunca fora Audrey, a intenção de Jean Renault era única e exclusivamente de se vingar. Audrey era apenas uma isca para que Jean atraísse Cooper e o matasse. A compreensão da situação faz com que o agente especial seja dominado pela sensação de culpa.
No Hotel Great Northern, Cooper se encontra com Ben Horne, que estava mais preocupado com a maleta de dinheiro do que com sua filha, o agente conta os principais fatos: o bordel em que Audrey fora encontrada se chamava Jack Caolho; o ‘dona’ do bordel (Blackie) estava envolvida no sequestro e fora assassinada por Jean Renault.
O vegetal Leo Johnson está nos cuidados de sua esposa e do amante, Bobby, que ao receberem o cheque, percebem que estão ferrados porque o valor que esperavam receber por cuidar de Leo era de cinco mil dólares por mês, mas como a sorte não anda com nenhum dos dois, receberão apenas mil e setecentos; e então o conflito entre o casal e um corpo em estado vegetal se inicia.
Donna vai a delegacia contar sobre Harold Smith e a segunda parte do Diário de Laura Palmer, o Xerife não acredita na história, mas afirma que tentará averiguar se realmente existe algum outro diário de Laura. A conversa é interrompida por gritos emitidos pelo chefe regional do FBI e supervisor de Cooper, Gordon Cole (David Lynch), que fala extremamente alto porque perdeu um pouco de sua audição. Gordon traz as informações que Albert encontrou: fibras no corredor, do lado de fora do quarto de Cooper, de um casaco de vicunha; a análise de laboratório da seringa do homem de um braço só, continha um combo de substâncias nunca vista antes; os papéis encontrados perto da toalha ensanguentada do trem, na cena do crime, são de um diário. Então, Hawk surge com o Homem de um braço só, Gerard.
Na casa dos Packard, Josie está deitada de bruços, com um vestido com zíper atrás, que está aberto, e seu suposto primo, Jonathan (que surgiu no episódio 11) fechando o cinto de sua calça, e com a camiseta desabotoada. Jonathan joga uma passagem só de ida perto de Josie e diz que eles partirão naquela mesma noite. Josie se impõe, argumenta que ainda não recebeu o dinheiro do seguro e nem de Ben Horne. Jonathan cita um nome que até agora não havíamos ouvido ao afirmar para Josie que o Sr. Eckhardt irá recompensá-la pelo tempo que ela esperou, o total de cinco anos. Finalmente, Jonathan ameaça matar ela e o Truman caso ela ainda se recuse a voltar a Hong Kong.
No Hotel Great Northern, Ben Horne e Josie brindam ao incêndio. Josie diz ter o contrato com a assinatura de Pete, contudo, só dará o contrato se Ben entregar-lhe o dinheiro que deve a ela. Depois de uma disputa de chantagens, Josie consegue os cinco milhões de dólares e Ben, o contrato.
Leo Johnson ganha um festinha que Bobby e Shelly prepararam para comemorar a pessoa que Leo é/foi; um marido espancador, um assassino, um torturador, entre outras inúmeras ‘qualidades’ que um homem pode ter.
Quando Cooper volta a delegacia encontra-se com seu supervisor, Gordon; que se mostra preocupado, já que em alguma operação passada em Pittsburgh ele havia se equivocado. Gordon entrega a Cooper uma carta anônima enviada para a central com o nome dele, na carta está apenas digitado “P para K-4”, um movimento de xadrez, o primeiro movimento de Windom Earle.
Leland é recrutado por Ben para resolver os problemas com os finlandeses e japoneses. Ben demonstra estar recuperado e pronto para voltar ao trabalho. Josie e Jonathan estão prestes a sair de casa com as malas quando Truman aparece, Josie se despede de Truman e volta para Hong Kong. No Hotel, Ben está a conversar com o Sr. Tojamura que está impaciente com a falta de interesse que Ben demonstra, mesmo após ter deixado cinco milhões com o Ben.
O homem de um braço só, Gerard, está sendo interrogado na delegacia de Twin Peaks por Cooper, Truman, Hawk e Gordon. Gordon diz que a droga encontrada na posse de Gerard contém elementos que normalmente são encontrados no Haloperidol – remédio usado para tratar de alucinações, esquizofrenia, paranoia, confusão mental etc. Gerard se encontra pressionado e sem Haloperidol e quando Cooper questiona sobre a foto de Bob, Gerard se transforma em um homem chamado Mike, que se diz ser um espírito que habita o corpo de Gerard. No interrogatório, agora não mais de Gerard, mas de Mike, Cooper extrai algumas informações sobre Bob. Bob era um familiar de Mike, e as intenções de Bob são apenas se divertir; Mike o compara com uma parasita, só que de humanos, que se alimenta do medo e dos prazeres. Em um momento passado, Mike e Bob foram parceiros, mas agora Mike diz ter visto o rosto de Deus, e a partir de agora o seu único objetivo é encontrar Bob e detê-lo. No momento final do episódio, Cooper descobre onde Bob está, no Hotel Great Northern.
O episódio 13 traz ótimas revelações. Como questionado no começo do presente texto, o vício e o uso de drogas está obviamente conectado ao personagem Gerard, que necessita de uma droga para se livrar de um espírito que habita seu corpo. Esse tipo de leitura que há em Twin Peaks tenta “explicar” o que vemos no dia a dia. Será que o alto consumo de drogas tem ligações com outros mundos, outras dimensões? E será que a questão eu, do ser, está também conectado?
Veja o vídeo: