Os quase 400 anos de escravidão no Brasil deixaram o racismo como uma herança (ou melhor, maldição) desoladora. Relegando a população negra à marginalidade e à pobreza, ele continua fazendo vítimas em pleno século XXI: A campanha Vidas Negras, lançada no país pelas Nações Unidas, divulgou em novembro de 2017 que a cada 23 minutos o racismo é responsável pela morte de um jovem negro.

É preocupante notar que apenas 2,1% dos longas produzidos em 2016 foram dirigidos por homens negros, e nenhum foi dirigido ou roteirizados por mulheres negras, segundo pesquisa da Agência Nacional do Cinema (ANCINE).

Visando mudar este cenário e responder à pergunta “onde estão os negros e negras na linha de frente da produção cinematográfica brasileira?”, que do dia 26 de julho ao dia 26 de agosto acontecerá no Teatro do Sesc Ipiranga a mostra de cinema Cena Preta, Plano Negro cujo tema será negritudes.

Parte de um ciclo de mostras que pretendem dar visibilidade aos temas ligados ao gênero, sexualidade, negritudes e direito a ocupação e moradia, essa edição vem com a proposta de trazer à tona uma reflexão sobre representatividade negra na produção do cinema brasileiro.

Sugerindo e reafirmando as possibilidades de ocupação, resistência e protagonismo negro, historicamente relegados aos papéis secundários nas produções brasileiras pelo discurso dominante em nossa sociedade racista, a mostra contará não só com a exibição de filmes realizados por negras e negros, como também com bate-papos, oficina de tranças e penteados e uma apresentação musical com o rapper Tiely.

Ainda na programação, sessões especiais infantis acontecerão no dia 01 de agosto (das 19h30 às 20h30, no Cine Favela, em Heliópolis) e nos dias 21 e 22 de agosto (das 9h às 10h, no teatro do Sesc Ipiranga).

As exibições acontecerão na área de convivência e na sala de estar, espaço montado especialmente para o projeto.

Confira a programação completa:

Bate-papos
26/07, quinta, das 20h às 21h30 – Teatro (Grátis, Classificação: não recomendado para menores de 14 anos.)

Representatividade e a presença negra na produção cinematográfica brasileira – com participação de Carolina Costa, presidente da comissão de gênero, raça e diversidade da ANCINE, e as cineastas Viviane Ferreira e Day Rodrigues.

28/07, sábado, das 17h às 18h30 – Área de convivência (Grátis, Classificação: livre)

Três gerações na direção cinematográfica brasileira – com a participação dos cineastas: Renata Martins, Gabriel Martins e Adélia Sampaio, considerada a primeira mulher negra a dirigir um longa-metragem no Brasil – apresenta um panorama histórico da produção cinematográfica realizada por negros.

Oficina
28 e 29/07, sábado e domingo, das 13h às 16h – Sala 2 (Grátis – Classificação: não recomendado para menores de 16 anos)
Tranças e Penteados com Amanda Diva Green – Apresenta técnicas de trançagem. Durante a atividade Diva propõe um debate que relaciona identidade, autoestima, estereótipos e adolescência.

Exibições
26/07, quinta, das 19h às 20h – Teatro (Grátis, Classificação: livre)
O dia de Jerusa (Dir. Viviane Ferreira. Ficção. 2014. Brasil. 20 min.)
Mulheres Negras: Projetos de Mundo (Dir. Day Rodrigues e Lucas Ogasawara. Documentário. 2016. Brasil. 25 min.)

27/07, sexta, das 16h às 17h – Área de convivência (Grátis, Classificação: livre)
Raça (Dir. Joel Zito Araujo. Documentário. 2013. Brasil e EUA. 104 min.)

28/07, sábado, das 16h às 17h – Área de convivência (Grátis, Classificação: livre)
Aquém das Nuvens (Dir. Renata Martins. Ficção. 2011. Brasil. 17 min.)
Cores e Botas (Dir. Juliana Vicente. Ficção. 2010. Brasil. 16 min.)
Nada (Dir. Gabriel Martins. Ficção. 2017. Brasil. 27 min.)

29/07, domingo, das 16h às 17h – Área de convivência (Grátis, Classificação: livre)
Nós, Carolinas (Dir. Coletivo Nós, Mulheres da Periferia. Documentário. 2017. Brsail. 17min. Livre)
No ritmo das obás (Dir. Graciela Zapatta. Documentário. 2016. Brasil. 16 min. Livre.)
Cabelo Bom (Dir. Swahili Vidal e Claudia Alves. Documentário. 2017. Brasil. 15 min. Livre.)
As minas do rap (Dir. Juliana Vicente. Documentário. 2015. Brasil. 14 min. Livre.)

Show
29/07, domingo, 18h das 19h – Teatro (Grátis, Classificação: não recomendado para menores de 14 anos)
Tiely convida Luana Hansen, Filosofia de Rua e Hellena Borgys

Exibições contínuas de curtas-metragens
27/07 a 26/08. Terça a sábado, das 10h às 22h
29/07 a 26/08. Domingos, das 10h às 18h
Espaço sala de estar – Grátis (Classificação: livre)
A piscina de Caíque (Dir. Raphael Gustavo da Silva. Ficção. 2017. Brasil. 15 min.)
Pele Suja Minha Carne (Dir. Bruno Ribeiro. Ficção. 2016. Brasil. 13 min.)
Pretas no Hip Hop (Dir. Priscila Francisco Pascoal. Documentário. 2017. Brasil. 14 min.)
No beco da Preta (Dir. Donizete Bomfim. Documentário. 2017. Brasil. 19 min.)
Negritudes Heliópolis (Dir. Raimundo Nonato. Documentário. 2017. Brasil. 21 min.)
Lápis de Cor (Dir. Larissa Fulana de Tal. Documentário. 2014. Brasil. 14 min.)
Crespos (Dir. Paulo Igor Freitas. Ficção. 2017. Brasil. 6 min.)
Empoderadas (Dir. Renata Martins. Documentário. 2015 a 2017. Brasil. 20 min.)

Sessões para crianças
Sesc Ipiranga – 21 e 22/08, terças e quartas, das 9h às 10h (Grátis, Classificação: livre)
Cine Favela – 01/08, quarta, das 19h30 às 20h30 (Grátis, Classificação: livre)
A piscina de Caíque (Dir. Raphael Gustavo da Silva. Ficção. 2017. Brasil. 15 min.)
Òrun Aiyê: a criação do mundo (Dir. Jamile Coelho e Cintia Santos de Souza. Animação. 2015. Brasil. 12 min.)
Cores e Botas (Dir. Juliana Vicente. Ficção. 2010. Brasil. 16 min.