Texto e Fotos por Thaís Lourenço
Começou no último dia 7 e vai até dia 21 de junho o Festival Varilux de Cinema Francês, que conta nesta edição com 19 produções na programação regular – incluindo comédias, um documentário e um clássico (Duas Garotas Românticas) – a serem exibidas em 110 cinemas, com um alcance de 55 municípios do Brasil. No ano passado o Festival contou com duas semanas de programação e reuniu 160.000 pessoas em mais de 50 cidades do Brasil. A cada edição o festival se propõe a ser a melhor amostra da qualidade da produção cinematográfica francesa e vem não apenas para apresentar filmes, mas também servir como uma oportunidade de troca de ideias, como por exemplo o laboratório de roteiro que acontecerá esse ano no Rio de Janeiro.
O Varilux foi aberto com uma coletiva de imprensa onde estiveram presentes atores e diretores dos filmes em cartaz. Na ocasião, cada um deles foi convidado a comentar um pouco sobre o seu filme, começando por Damien Bonnard, ator do filme Na vertical (Rester vertical) e em seguida o ator Ramzy Bedia ao lado da atriz argentina Maria Dupláa e do diretor Olivier Peyon do filme O Filho Uruguaio (Une vie ailleurs), que falaram sobre a dificuldade de filmar em 3 idiomas: inglês, francês e espanhol.
Fiona Gordon e Dominique Abel, diretores e atores do filme Perdidos em Paris (Paris pieds nus) também falaram sobre o filme e sobre algumas curiosidades de gravação e escolha de locações – Perdidos em Paris foi o último trabalho da atriz Emmanuelle Riva (Amor), que faleceu em fevereiro, sem ver o trabalho pronto. A atriz Camille Cottin e a diretora Noémie Saglio contam um pouco sobre como foi filmar Tal mãe, tal filha (Telle mère, telle fille) e o rapper Sadek também falou um pouco sobre seu trabalho como ator do filme Tour de France.
A novidade dessa edição é a Mostra de Realidade Virtual, que vai apresentar filmes inéditos nesse tipo de tecnologia aos espectadores brasileiros. Michel Reilhac, curador desta mostra e diretor do filme de realidade virtual Viens (uma “poesia tântrica” segundo ele), disse que a Realidade Virtual é uma linguagem artística e uma plataforma que permite contar histórias de maneira física. Argumentou que ao colocar o espectador em posição ativa, cria uma empatia com o mundo, dizendo que esse tipo de exibição é capaz de aguçar não só a imaginação mas também o sistema sensorial, e acaba por criar uma relação orgânica com o que é visto.
Houve também o levantamento da questão polêmica entre o Festival de Cannes e a plataforma de streaming Netflix, Noémie e Sadek defendem a existência desse tipo de plataformas, incluindo as de streaming de músicas, dizendo que as obras têm que ser vistas pelo maior número de pessoas possível. Michel Reilhac acrescentou que a evolução do digital é uma tendência mundial, e que nem por isso isenta a necessidade de ver filmes no cinema ou ler livros à moda antiga. A tradição, disse ele, nos permite existir como filiação, como continuação, não podemos pensar o mundo em termos de exclusão, o prazer “vintage” de assistir um filme numa sala de cinema não é o mesmo que assistir pela Netflix na sala de casa.
Christian Boudier, diretor do festival destacou o acolhimento do cinema francês, que disse ser aberto à todos, relembrando o fato de alguns filmes da mostra terem sido filmados em mais de um idioma (Dupláa é argentina, Fiona é canadense, e assim por diante). Argumentou as histórias se misturam e é papel do cinema acolher todas essas histórias diferentes e contá-las. Falou ainda sobre a importância de apresentar os novos rostos do cinema francês, que está sempre dinâmico e em expansão, muito pelo fato de que na França existe uma forte política cultural que oferece subsídios para a produção cinematográfica, tanto é assim, que após o festival será lançada uma plataforma de vídeo “on demand” (VOD) dedicada a filmes franceses, e que terá como função dar continuidade à divulgação do cinema francês no Brasil ao longo de todo o ano.