Da redação

Um olhar diferente sobre a infância é a proposta em outubro do Cinemário, o ciclo de sessões gratuitas de cinema da Biblioteca Mário de Andrade, que fica localizada na R. da Consolação, 94, São Paulo. Com início no dia 5 de outubro, até o dia 30  serão exibidos filmes em que os personagens – crianças e adolescentes – entram em contato com o lado mais cruel ou sombrio da vida.

A série Infância Usurpada terá sessões às quartas, sextas e domingos. O programa contempla obras dirigidas por mestres do cinema como Babenco, Rossellini, Kiarostami, Tarkovski, Coutinho, entre outros. O diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho (Aquarius) será representado pelo curta Vinil Verde (23.10). As sessões são gratuitas, com distribuição de senha 1 hora antes de cada filme.

Programação

Dia: 14, quarta-feira, Alemanha, ano zero, de Roberto Rossellini (1948; 78 min.) Reprise no domingo, 16, às 17h

O capítulo final da trilogia da guerra de Roberto Rossellini é também o mais devastador deles: um retrato de uma Berlim obliterada, vista através dos olhos de um menino de doze anos. Vivendo em um prédio de apartamentos bombardeado com seu pai doente e dois irmãos mais velhos, o jovem Edmund vaga ao léu pelas ruas, onde acaba se enredando nas falcatruas do mercado negro junto com outros jovens – tudo isso sob a influência nefasta de um ex-professor nazista.

Dia: 16, domingo, às 19h – Paisagem na neblina, de Theo Angelopoulos (1988; 127 min.)

A viagem de iniciação de duas crianças que saem, da Grécia em direção à Alemanha, em busca de seu pai ainda desconhecido para ambas. Durante a viagem, elas descobrirão tanto a lado bom quanto o mal do mundo, suas verdades e mentiras, o amor e a morte, o silêncio e a palavra, ao mesmo tempo que inventam o seu universo secreto.

Dia: 19, quarta-feira, às 22h30 – No quarto da Vanda, Pedro Costa (2000; 179 min.)

Vanda Duarte é uma jovem toxicodependente. Fechada em seu quarto pobre, vive com mágoa e desencanto, sentimentos que partilha com alguns familiares e amigos. Paralelamente, o bairro das Fontainhas, no norte de Lisboa, onde ela mora, começa a ser destruído por escavadeiras e buldozeres.

Dia: 21, sexta-feira, às 23h59 – Últimas conversas, de Eduardo Coutinho (2015; 87 min.) Reprise no domingo, 23, às 16h

A partir de entrevistas feitas com jovens estudantes realizadas pelo cineasta Eduardo Coutinho antes de sua morte (em fevereiro de 2014), o filme busca entender como pensam, como sonham e como vivem os adolescentes de hoje. O material foi editado por sua parceira de longa data, a montadora Jordana Berg, e a versão final é assinada por João Moreira Salles.

Dia: 23, domingo, 18h – Vinil Verde, de Kleber Mendonça Filho (2004; 17 min.)

Mãe dá à filha uma caixa cheia de velhos disquinhos coloridos. A menina pode ouvi-los, exceto o vinil verde. Um filme de horror para crianças.

18h20 – Zero de conduta, de Jean Vigo (1933; 44 min.)

Remetendo às experiências escolares das crianças francesas baseadas nas memórias de Vigo sobre sua própria infância, o filme retrata um sistema educativo burocrático e repressivo diante do qual os estudantes empreendem verdadeiros atos de rebelião – por vezes, surreais, resultado de leituras libertárias da infância. Proibido na França até 1946, Zero de Conduta é tido como um dos maiores filmes ficcionais anarquistas do século XX.

Dia: 26, quarta-feira, às 22h30 – A infância de Ivan, Andrei Tarkovski (1961; 97 min.)

Depois que sua mãe é fuzilada pelos nazistas, o jovem Ivan engaja-se na guerra contra os alemães. Os soldados russos querem afastá-lo para a retaguarda, mas ele insiste em assumir missões suicidas. O filme foi defendido por Sartre como um exemplar de “surrealismo socialista”.

Dia: 28, sexta-feira, às 23h59 – Onde fica a casa do meu amigo?, de Abbas Kiarostami (1987; 90 min.) Reprise no domingo, 30, às 16h

Um garoto procura a casa de seu amigo, querendo devolver-lhe seu caderno. Aflito com o risco do amigo ser expulso da escola caso retorne novamente sem o seu material, ele segue seu caminho de busca motivado simplesmente pelos sentimentos de boa vontade e solidariedade.

Dia: 30, domingo, 18h – O garoto Toshio, Nagisa Oshima (1969; 105 min.)

Inspirado em um caso real ocorrido nos anos 1960, o filme mostra um casal com dois garotos praticando várias vezes uma vigarice que consistia, primeiro para a mãe e depois para o filho mais velho, em atirar-se contra automóveis, simular atropelamentos e contusões e, assim, extorquir dinheiro dos automobilistas, ameaçando-os com queixas à polícia.