Um dos grandes nomes do cinema atual é Roman Coppola, filho do mestre Francis Ford Coppola (Trilogia O Poderosos Chefão, Apocalipse Now, A Conversação) e irmão de Sofia Coppola (As Virgens Suicidas, Encontros e Desentros). Ele esteve presente na edição deste ano no FEST – New Directors New Films Festival na cidade de Espinho em Portugal, e tivemos a oportunidade de bater um papo com ele. Além de produtor, Roman também é roteirista e diretor, co-escreveu roteiros de grande sucesso como Moonrise Kingdom (2012) e Viagem a Darjeeling (2007), ambos dirigidos por Wes Anderson – diretor, aliás, com quem ele mantém uma parceria até hoje, como em Ilha dos Cachorros (2018) por exemplo.
Desde criança, o cineasta esteve ligado ao cinema. Durante a conversa, nos contou sobre algumas de suas memórias, como quando voou em um helicóptero com câmera de filmagem e muitas explosões na locação de Apocalipse Now. Ele também participou em filmes como O Poderoso Chefão (1972), O Poderoso Chefão II (1974) e Agora você é um homem (1966). Quando perguntado sobre o que o levou a continuar os passos da família, Roman diz que nunca tomou uma decisão de fato. Ele teve a oportunidade de crescer em um ambiente de cineastas, no qual foi sempre incentivado a essa arte, desde a música até a escrita e muitas outras.
Sobre o parceiro Wes Anderson, Roman disse que o conheceu por conta de amigos em comum. Roman, que já vinha fazendo o trabalho de assistente de direção em filmes de diretores como Spike Jonze (Quero ser John Malkovich [1999], Ela [2013]) e Michel Gondry (Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças [2004], Sonhando Acordado [2006]), disse a Wes que queria ajudá-lo e teve a oportunidade de filmar alguns planos em um bote. A partir daí, foram ficando amigos e fiéis colaboradores, o os levou a indicações como a do Oscar de Melhor Roteiro para Moonrise Kingdom em 2013.
Apesar de ser um grande produtor norte-americano, Roman afirmou que adora a cultura brasileira. Não conhece a fundo os cinemas de outros lados do mundo, mas reitera: “Eu não estou diretamente exposto à diversidade, mas amo o fato de que existe.” Ele também acha fantástico as novas câmeras e novas tecnologias. “Hoje em dia com uma maior democratização do equipamentos qualquer um pode fazer um filme”, disse. Ao ser perguntado sobre as recentes polêmicas no Oscar e movimentos na indústria de cinema como Time’s Up e #Oscarsowhite, Roman afirma: “Eu não sou uma pessoa política, mas não entendo essa questão de apropriação cultural. Para mim cultura é sobre compartilhar, uma coisa pode se referir ao jazz, outra ao rock, são vozes que vem juntas, não necessariamente nascendo no mesmo lugar”. Ele prossegue dizendo que todos deveriam ser livres para celebrar, sem barreiras, e acha maravilhoso cada vez mais todos poderem fazer arte com sua voz. “São novas ideias e novas maneiras de se produzir arte”, conclui.
Uma de suas maiores referências é o cineasta italiano Federico Fellini, Roman conta que assistir 8 1/2 (1963) foi um momento que o transcendeu. A narrativa fragmentada, a relação com o tempo e fantasia o fizeram se apaixonar. E para novos cineastas e pessoas que querem adentrar na indústria ele recomenda trabalhar com paixão, genuinamente. “[É preciso] fazer tudo com excelência, se for ler um artigo, leia um bom artigo, faça o seu melhor, brilhe, não é sobre o que você dá, mas o que você tira das suas experiências e aprendizados”. Afirmando ser uma estranha exceção por conta de já ter nascido no meio cinematográfico, acredita que o mundo do cinema está mais democrático atualmente. “Você não precisa me perguntar o que é preciso para ser cineasta, você é um cineasta. Hoje somos sortudos que qualquer um tem iPhone”. Para ele não é interessante alguém pedir seu e-mail e apenas enviar algo, e sim uma troca, esse tipo de interação. Seu principal conselho é: “Apenas faça!”
*esse post faz parte da cobertura do Cinemascope no FEST – New Directors New Films Festival