Por Lívia Fioretti

A genialidade de David Lynch não é segredo para ninguém, afinal, o diretor e roteirista conseguiu se tornar sinônimo de seu próprio estilo cinematográfico (quem nunca viu um filme “lynchiano”?). Muitas vezes, para não questionar sua singularidade, ficamos com um pé atrás quanto as referências utilizadas pelos diretores para chegarem ao resultado final de suas obras….Mas como todo diretor pós-moderno, David Lynch se inspira muito em artes visuais, música, cultura pop e, claro, cinema! Confira agora uma lista com seis filmes referencias que fizeram a cabeça do americano.

 

Um Cão Andaluz (Luis Buñuel e Salvador Dalí – 1929)

Cinemascope - Um Cão Andaluz

Com certeza, o filme surrealista mais famoso de todos os tempos. Não apenas pelo peso de seus realizadores, mas também por imagens tremendamente marcantes (imagina o choque que a inconfundível cena do olho causou na estreia!). Há quem diga que Lynch é um dos poucos (se não o único) diretor atual que consegue penetrar na consciência do espectador como Buñuel e Dalí (lembra da orelha decepada em Veludo Azul?). Além do mais, a ausência de coerência narrativa, a sequência feita como um fluxo de consciência e a influência da teoria psicanalítica de Freud são outros elementos que reforçam a comparação.

Um Corpo que Cai (Alfred Hitchcock – 1958)

Cinemascope - Um Corpo que Cai

Considerada a obra prima de Hitchcock e integrante fiel das listas de melhores filmes já produzidos, Um Corpo que Cai conta o drama de Scottie Ferguson em relação ao seu medo de alturas (que causou a morte de um colega e o obrigou a se aposentar precocemente).  A obra é claramente uma precursora de Estrada Perdida (1997) e Império dos Sonhos (2006) em toda sua complexidade sobre a questão da identidade. O diretor também sempre deixou claro seu carinho pelo ator James Stewart, refletindo sua bondade e inocência em diversos protagonistas.

Lolita (Stanley Kubrick – 1962)

Cinemascope - Lolita

Adaptado do romance homônimo russo (banido em diversos países, diga-se de passagem), Lolita conta a história de um professor universitário que se apaixona perdidamente por sua enteada…de 14 anos! Não é difícil observar a relação entre a obra e Twin Peaks, considerando a atmosfera dark do seriado e a personalidade de Laura Palmer, que de inocente não tinha nada. Além do mais, podemos ver a influência do personagem Quilty  nos detetives que aparecem em diversos filmes de Lynch.

Quando Duas Mulheres Pecam (Ingmar Bergman – 1966)

Cinemascope - Persona

Assim como muitos filmes lynchianos, Persona é uma obra que deve ser vista várias vezes para que o espectador consiga aprecia-la em sua totalidade. A atriz Elisabeth Vogler (estrelada pela musa do diretor, Liv Ullmann) perde completamente a fala após sua performance em uma peça e acaba indo, pela recomendação de sua psiquiatra, passar um tempo na praia com a enfermeira Alma (Bibi Andersson). Além da temática crise de identidade, recorrente na obra de David Lynch, é possível ver a inspiração das protagonistas em suas mulheres fortes.

O Mágico de Oz (Victor Fleming – 1939)

Cinemascope - O Mágico de Oz

Este dispensa introduções. Se você já assistiu Coração Selvagem deve ter percebido a clara influência deste clássico americano, como a clara analogia aos personagens (por exemplo, na hora em que Lula veste sapatos vermelhos, he). Outra coisa, por acaso você já percebeu que a maioria dos filmes bem sucedidos do diretor envolve a transição da inocência para um mundo sombrio (Veludo Azul e Cidade dos Sonhos, por exemplo).

E o filme além dos clichês…

Crepúsculo dos Deuses (Billy Wilder – 1950)

Cinemascope - Crepúsculo dos Deuses

A cena de abertura é um clássico do cinema: um homem morto boiando dentro da piscina de uma grande mansão. O narrador da história, Joe Gillis (William Holden), narra a sequência de fatos que resultou em seu destino fatal na mansão de Norma Desmond (Gloria Swanson), antiga estrela do cinema mudo. Como a maioria dos filmes lynchianos, há uma toque de humor negro que envolve a história, além de elementos que fazem o espectador não desgrudar seus olhos da tela, como por exemplo as fatídicas cenas que nos deixam em dúvida se devíamos estar rindo ou chorando.