Por Felipe Teixeira

O novo capítulo da franquia Transformers é impressionante por dois motivos distintos. O primeiro deles são as gigantescas sequências de ação do filme que, apesar de repetitivas, conseguem saltar os olhos mesmo do espectador menos entusiasta graças à qualidade dos efeitos visuais. Já o segundo motivo é a incrível capacidade do diretor Michael Bay em fazer a mesma coisa pela quarta vez consecutiva. Quem gostou dos três primeiros filmes (principalmente dos dois últimos) não irá se decepcionar, pois, com exceção do elenco humano, tudo está de volta: inúmeras explosões por minuto, muita correria aleatória e pouquíssima história. Com intermináveis 2h45 de projeção, Transformers – A Era da Extinção é mais do mesmo, por mais tempo.

Substituindo o agora perturbado Shia LaBeouf como protagonista, Mark Whalberg é Cade Yeager, um engenheiro que mora em uma fazenda no Texas ao lado da filha adolescente Tessa (Nicola Peltz), a nova musa da franquia. Após comprar um velho caminhão abandonado, Cade se vê em perigo ao descobrir que o veículo é ninguém menos que Optimus Prime, líder dos Autobots, que estão sendo caçados pelas autoridades após a destruição de Chicago vista em Transformers – O Lado Oculto da Lua. Um dos poucos acertos do roteiro de Ehren Kruger é a referência aos eventos ocorridos no filme anterior, como na placa onde se lê “Remember Chicago” logo no início do filme, e quando é relatado o elevado número de mortes durante aquela batalha. Tudo parece tão superficial no universo da franquia que um pouco de sensibilidade torna-se um grande avanço.

A completa renovação do elenco humano até tenta dar novos ares à trama. Whalberg, sempre exibindo seus músculos e falando rápido (ao estilo Sem Dor, Sem Ganho, sua outra parceria com Bay), vai bem como o novo protagonista, e ainda deve ser respeitado por participar da maioria das cenas de ação, utilizando poucos dublês. Já a jovem Nicola Peltz, de roupas curtíssimas e cara de assustada, faz o que pode como a nova bela donzela em perigo, posto anteriormente ocupado por Megan Fox e pela modelo Rosie Huntigton-Whiteley. As adições no elenco ainda contam com o experiente Stanley Tucci, que tem seus bons momentos como o empresário Joshua Joyce, Jack Reynor, novato irlandês que de nada acrescenta ao filme além de seu sotaque, e ainda Kelsey Grammer, Titus Welliver, o comediante T. J. Miller e a atriz chinesa Bingbing Li. Dentre os robôs, as novidades são Hound, com voz de John Goodman, Ratchet, Drift, o vilão Lockdown, alguns robôs-dinossauros, e muitas outras máquinas que só servem para serem destroçadas a cada três minutos.

Mas nenhuma destas novidades conseguem trazer algo de novo para a história de Transformers graças ao fraco roteiro e à exaustiva direção do filme. Além da trama simplória, um dos pontos mais fracos (e irritantes) do script, por exemplo, é sua insistente tentativa de gerar situações de humor em meio a eventos (que deveriam ser) de grande perigo. Assim, após se assustar ao ver sua filha ser ameaçada de morte com uma arma na cabeça, o personagem de Mark Whalberg parece ficar ainda mais preocupado ao descobrir que ela tem um namorado que é piloto de corrida, o que inicia uma chatíssima discussão durante uma perseguição em alta velocidade.  A maioria das sequências que se passam em Pequim e envolvem o personagem de Stanley Tucci, que arranja tempo pra fazer piadas no meio de tiroteios, seguem o mesmo caminho.  Como sempre, os efeitos visuais estão ótimos e seriam ainda mais apreciados se fossem utilizados com melhor dosagem, ao passo que a fotografia do filme é bonita, mas também peca pelo excesso, com incontáveis planos com um pôr do sol e contraluz.

Mas é a direção de Bay, com seu marcante uso de câmera lenta durante explosões e a decupagem frenética mesmo em cenas menos agitadas, o maior problema do filme. Obviamente, tais recursos já são mais do que conhecidos como uma marca autoral do diretor e certamente ainda serão muito utilizados por ele, mas isso não torna o problema menos grave. Em certo momento durante o longo terceiro ato do filme, Cade (Whalberg) olha para cima e sorri para algo que vê. Mas há tantos personagens se enfrentando em tantos lugares diferentes da cidade que a mise-én-scéne nem permite ao espectador identificar para quem ou o quê o personagem de Mark Whalberg está olhando. Porém, como ocorre frequentemente durante as quase três horas de projeção, a cena corta para algum prédio sendo destruído por um robô, e não há motivo para se pensar no plano anterior.

Falhas recorrentes como esta denigrem ainda mais qualidade do filme, que por vezes parece um grande caça-níquel para vender bonecos, tão pobre seus méritos como um longa-metragem de ação. O final da produção ainda deixa um gancho (examente igual ao de um dos filmes anteriores) e a espantosa bilheteria chinesa e americana provavelmente já garantiram um quinto Transformers. Tomara que não.

Cinemascope-Transformers-A-Era-da-Extincao (1)Transformers – A Era da Extinção (Transformers: Age of Extinction)

Ano: 2014

Diretor: Michael Bay 

Roteiro: Ehren Kruger

Elenco Principal: Mark Wahlberg, Nicola Peltz, T.J. Miller, Stanley Tucci, Kelsey Grammer.

Gênero: ação.

Nacionalidade: EUA

 

 

 

 

 

Confira o trailer:

 

 

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