Por Domitila Gonzalez
A cada ano que passa, não sei se me surpreendo ou se entendo mais a Academia. Baseado na história real da empresária americana Joy Mangano, a impressão que dá é que Joy: o nome do sucesso é uma sequência de momentos “WTF?”.
Mais uma história calcada num clichê de superação, vivida num típico cenário de família americana de classe média: todo mundo cheio de problemas e morando numa casa só. A moça que não tinha nada e vivia para cuidar da mãe que era viciada em novelas; o pai que dividia o porão com seu ex-marido-latin-lover-cantor-da-noite, seus dois filhos que quase nunca aparecem no filme, e sua avó-mentora-apontadora-de-caminhos.
Num vaivém de pesadelos amedrontadores sobre ser uma adulta-matriarca incapaz, eis que nossa protagonista tem a ideia de uma invenção que vai mudar tudo: um esfregão muito mais absorvente do que os que circulam no mercado e com um mecanismo que torna possível torcê-lo de forma automática.
Fico tentando entender as motivações por trás do lançamento desse longa: retratos de um país em crise? Não. A força de uma mulher para se recuperar, em todos os sentidos? Levantou a bola, mas em meio a toda polêmica sobre diversidade, eu não colocaria uma mulher e um esfregão juntos, em cena. Jennifer Lawrence, Bradley Cooper e De Niro contracenando, de novo? Também podia ser, mas não.
A fotografia é ok. O elenco está ok. A trilha sonora é ok. Porém, tudo está no meio-termo. Não tem nenhum momento, nem um mísero momento, que pode nos proporcionar aquela sensação de “ufa, então é por isso que ele foi indicado”.
Por diversas vezes, quase desisti de continuar assistindo ao filme. O primeiro encontro de Bradley Cooper e Jennifer Lawrence foi um deles, e o que causou o maior “WTF?!” de todos.
As últimas experiências do diretor David O. Russell não foram uma catástrofe de proporções gigantescas. Trapaça (2013) era divertido, tinha um elenco bom e, apesar de ter sido indicado em dez categorias e não ter vencido nenhuma, era um filme coeso. O Lado Bom da Vida (2012) também não tinha um superplot-cabeção, mas como estávamos vivendo um momento de curtir histórias esquisitas com um final feliz, serviu ao seu propósito: foi indicado em 8 categorias, sendo que Jennifer Lawrence levou a estatueta de Melhor Atriz. O Vencedor (2011) já tinha um roteiro mais cheio de nuances. Teve 7 indicações e Melissa Leo e Christian Bale levaram os prêmios de Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Ator, respectivamente.
Pode ser que ele tenha se utilizado do momento melodramático em que o mundo se encontra para então validar sua escolha de roteiro? Pode. Mas ainda assim, um filme despretensioso não pode ser a única premissa para ser genial.
O. Russell costuma explorar bem as situações mornas e seus personagens melodramáticos. Se considerarmos suas últimas três produções, por mais simples que seja o roteiro, dificilmente a trama passa sem algum tipo de aprofundamento ou desalinhada, diante dos olhos do espectador.
Joy: O nome do sucesso está indicado ao Oscar em uma categoria: Melhor Atriz, para Jennifer Lawrence. Contudo, Virginia Madsen no papel de Terry é a única atriz do elenco que parece ter entendido sua linguagem.
Ano: 2015
Direção: David O. Russell
Roteiro: David O. Russell e Annie Mumolo, baseado na história real de Joy Mangano.
Elenco Principal: Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Bradley Cooper, Virginia Madsen.
Gênero: Comédia, Drama.
Nacionalidade: EUA
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