De filmes sobre a realeza, os nobres, príncipes, legados e responsabilidades o mundo cinematográfico está cheio. É um tema amplo, que permite milhares de abordagens diferentes, históricas ou nem tanto assim, e agrada aos meus olhos leigos de estudante de jornalismo e apaixonada por arte.O mergulho no passado vem acompanhado de música boa, figurinos trabalhados, cenários suntuosos e atores competentes, que fazem com que a viagem seja ainda mais prazerosa. Por vezes, vamos longe, como em Maria Antonieta (da diretora Sofia Coppola), com um roteiro apontado para as extravagâncias da rainha e o furor que a jovem austríaca causou, três séculos atrás, na corte de Luís XVI, na França. Outras vezes, apenas algumas décadas atrás são necessárias para ficarmos sem fôlego O Discurso do Rei é um filme que faz uma viagem pequena, porém emocionante do começo ao fim.
Gosto quando a proposta vai além do “era uma vez”. E David Seidler consegue aproveitar a riqueza histórica da família real britânica e fazer um roteiro que vai muito além da ascensão ao poder do rei George VI.“Depois da morte de seu pai, rei George V (Michael Gambon) e a escandalosa abdicação do rei Edward VIII (Guy Pearce), Bertie (Colin Firth), que sofreu de uma rigorosa deficiência na fala por toda sua vida, é repentinamente coroado rei George VI da Inglaterra.
Com o seu país no começo da guerra e desesperadamente precisando de um líder, sua mulher, Elizabeth (Helenda Bonham Carter), a futura Rainha Mãe, consegue para o seu marido um excêntrico especialista em discursos, Lionel Logue (Geoffrey Rush). Depois de um começo difícil, os dois mergulham em um tratamento nada tradicional e acabam formando um laço de amizade inquebrável. Com o apoio de Logue, sua família, seus governantes e Winston Churchill (Timothy Spall), o Rei vai superar sua gagueira e fazer um discurso de rádio que inspira seu povo e os une para a batalha”.É emocionante ver a destreza do diretor e do roteirista, que utilizaram o plano de fundo da deficiência de fala do rei George VI para levantar uma questão muito mais pertinente: a busca da sua voz.
Durante todo o filme é delicioso ver que Firth, Bonham Carter e Rush trazem caras diferentes de Mark Darcy, Bellatriz e Capitão Barbossa. Aliás, ver Helena Bonham Carter interpretando um papel non-freak só me fez gostar dela ainda mais.
Depois de ter sido indicado ao Oscar de melhor ator em 2010 por Direito de Amar, Colin Firth mostra, mais uma vez, sua competência. Acompanhamos o desenvolvimento de Bertie à procura de sua voz. O que nos faz acreditar no rei e incentivar secretamente o tratamento com Logue é a simplicidade que Firth traz para o personagem. Bertie é suave e intenso ao mesmo tempo e não senti o traço da caricatura e do exagero em nenhuma cena. Isso foi o mais importante, porque se encontrássemos um ga-ga-gaguinho c-c-c-caricato, tudo perderia a sua credibilidade e cenas tão emocionates como a conversa dos dois amigos dentro de Westminster seriam somente um motivo para gargalhadas.
A trilha sonora excepcional compõe com essa suavidade e explode na cena do discurso. Mais uma vez, Alexandre Desplat deixa sua marca com um som inesquecível, como em O Curioso Caso de Benjamin Button (de David Fincher), A Loja Mágica de Brinquedos (de Zach Helm) e A Rainha (de Stephen Frears). Desplat também assina as trilhas da primeira parte do último filme da Saga Harry Potter, lançado em novembro de 2010 e do filme Lua Nova, da saga Crepúsculo.
O Discurso Do Rei (The King’s Speech)
Ano: 2010.
Diretor: Tom Hooper.
Roteiro: David Seidler.
Elenco Principal: Helena Bonham Carter, Colin Firth, Geoffrey Rush.
Gênero: Drama.
Nacionalidade: Reino Unido/Austrália.
Veja o trailer:
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