Por Sttela Vasco
Filmes sobre todo o tipo de membro da corte é algo bastante comum no cinema. Há obras que vão desde reis até duquesas passando, inclusive, pela história de algumas amantes reais. No entanto, não há cinebiografia real que agrade mais do que as relacionadas a rainhas. Figurinos impecáveis, uma fotografia perfeita e cenários dignos da realeza se misturam a ótimas histórias e atuações inesquecíveis. Possíveis erros históricos à parte, tais cinebiografias são uma viagem no tempo e um agrado aos olhos. Entre as diversas obras que envolvem o tema, escolhemos algumas das mais notáveis. Cleópatra, Rainha Elisabeth I, Maria Antonieta, A Jovem Rainha Vitória e A Rainha Imortal foram as que deram o ar de sua graça por aqui. Separe seu melhor traje e seja bem vindo à realeza.
Cleópatra (1963)
É praticamente impossível pensar em rainhas e não se lembrar de Cleópatra. A beleza marcante de Elizabeth Taylor, combinada com romances tórridos e figurinos extravagantes faz com que esse filme perpetue na memória das mais diversas faixas etárias até hoje. O longa, que narra a ascensão e a queda da rainha do Egito, Cleópatra, teve alguns problemas durante a gravação – uma Liz Taylor seis meses afastada e três trocas de diretores estão na lista –, mas nada conseguiu abalar o que viria a ser um verdadeiro fenômeno de época. Apesar de longo – o filme tem quatro horas de duração –, Cleópatra faz jus aos quatro Oscar vencidos em 1964, e merece lugar garantido entre os melhores filmes sobre rainhas já produzidos.
Rainha Elizabeth I (1998)
Se alguém conseguiu se superar interpretando uma rainha, esse alguém foi Cate Blanchett. Encarnando talvez a mais difícil da nossa seleção de rainhas, Cate interpretou com perfeição Elizabeth I, filha de Hernique VIII, conhecida por sua rigidez e devoção ao país. O filme narra os primeiros anos do reinado de Elizabeth, além de traçar com precisão o caráter da protagonista. Vencedor do Oscar de Melhor Maquiagem em 1999, Elizabeth I provou ter a fórmula para um filme bem sucedido. A premissa de fazer um filme sobre a vida dessa monarca em particular deu tão certo que, nove anos depois, houve uma “continuação” de sua história: Elizabeth I: A Era de Ouro. Contando novamente com Shekhar Kapur na direção, Cate interpreta uma rainha amadurecida e com muito mais problemas do que no primeiro longa.
Maria Antonieta (2006)
Extravagância e sensibilidade definem essa bela obra de Sofia Copolla. Muitos doces, cores e figurinos maravilhosos desfilam ao longo do filme que narra a história da jovem Maria Antonieta (Kirsten Dust), uma princesa austríaca que é enviada à França aos quinze anos para se casar com o príncipe Luis XVI (Jason Schwartzman). A precocidade com que assumiu o trono – Maria Antonieta tinha dezenove anos – é bastante retratada ao longo do filme que busca, inclusive, justificar alguns dos atos daquela que foi considerada santa por uns e insensata por outros. Com um aspecto jovial e divertido, Sofia narra aos poucos a transformação da jovem rainha em uma influente mulher na corte francesa. Venceu o Oscar de Melhor Figurino em 2006.
A Jovem Rainha Vitória (2009)
Vencedor do Oscar 2010 como melhor figurino, o longa narra os primeiros anos da Era Vitoriana, retratando como Vitória (Emily Blunt), com então dezoito anos, chegou ao poder e lidou com essa responsabilidade. Leve e delicado, o filme retrata também o romance e o casamento de Vitória com seu primo, o príncipe Albert (Rupert Friend), ressaltando o fato de que, em uma época de casamentos arranjados, eles realmente se amaram. Os cenários e a fotografia são dignos de rainha – vale reforçar a atenção na cena de Vitória e Albert na chuva. A direção ficou nas mãos do canadense Jean-Marc Vallée.
A Rainha Imortal (1934)
Elisabeth Bergner teve a difícil missão de interpretar o caminho que levou a jovem princesa alemã Sophie Auguste Frederika a se tornar Catarina II, imperatriz da Rússia conhecida como “a grande”. Casada com o Grão Duque Pedro Holstein-Gottorp (Douglas Fairbanks Jr.), ela se vê ao lado de um marido instável e com uma série de responsabilidades políticas em suas mãos – antes de Pedro se tornar czar, Catarina tem como função assessorar a então imperatriz Izabel. Em meio ao declínio mental do marido, traições e um golpe, ela assume o poder e se torna imperatriz da Rússia. Com uma personagem ainda mais forte e complexa do que Elizabeth I, Catarina exigiu bastante da atriz que, no entanto, conseguiu transformar a monarca em alguém que o público consegue quase sentir afeição – sim, quase. Com figurinos e cenários tão belos quanto os filmes relacionados ao tema, e sob a direção de Paul Czinner, A Rainha Imortal prova que não é necessário cores para encantar e cativar o espectador.
E o filme além dos clichês é…
A Rainha (2006)
Com o Oscar 2007 de melhor atriz para Helen Mirren, A Rainha, de Stephen Frears, é o filme que mais se difere do restante da lista. Por se tratar de uma personagem que ainda vive e a qual conhecemos e acompanhamos, o longa se faz completamente atual. Os figurinos extravagantes dão lugar a peças elegantes e contemporâneas, mas equivalentemente bonitas. Os dilemas e conflitos se focam na parte diplomática da política e, por se passar logo após a morte da Princesa Diana, na maneira com que a Rainha Elizabeth II lidou com uma possível crise em seu país. O principal problema em questão é a imagem da soberana perante o povo britânico e o evidente afastamento da família real diante seus súditos. Cenários conhecidos, situações mais próximas da nossa realidade e o envolvimento da mídia com os assuntos reais dão pano de fundo a essa obra bastante elogiada mundo a fora. A monarquia em meio a atualidade, a mescla do público com o privado e o retrato de uma rainha longe de seus vinte anos, experiente e alvo das mais divergentes opiniões fazem de A Rainha um filme além dos clichês.