Por Jenilson Rodrigues
No dia 22 de novembro comemoramos o Dia do Músico, uma data muito especial para pessoas que assim como eu são viciados em música e devem muito a essas pessoas incríveis que fazem nossa vida ser muito mais alegre e ensolarada com o seu som. Como já fizemos um #5+1 com Atores Roqueiros, hoje vamos prestigiar alguns filmes que não são especificamente sobre músicos, mas são produções em que a música serve como pano de fundo para belíssimas histórias.
A Música Nunca Parou (2011)
Gabriel Sawyer (Lou Taylor Pucci) é encontrado pelos pais 20 anos após sair de casa num estado problemático, o jovem tem parte de seu cérebro danificado graças a um tumor que o impede de registrar novas memórias. Sua mente passa a trabalhar singularmente e ele apenas consegue fazer algumas conexões e lembrar-se de momentos de sua vida de forma fragmentada. Na tentativa de ajudá-lo, seu pai Henry (J. K. Simmons) recorre a musicoterapia, onde as músicas que eles escutavam desde a infância de Gabriel o conectam de volta com o mundo através de suas lembranças. Engana-se e muito quem pensa que se trata de um simples drama, A Música Nunca Parou é um filme mágico, onde a carga melodramática é deixada de lado para dar lugar a mais intensa demonstração de amor à música e à família. O filme do diretor Jim Kohlberg, ambientado em 1986, emociona e ainda faz referência a diversos astros da música americana, principalmente da década de 1960 como Bob Dylan, Buffalo Springfield, Beatles e Grateful Dead, a banda predileta de Gabriel. Um filme que nos mostra que a música é atemporal.
Cadillac Records (2008)
Difícil imaginar como uma produção dos anos 2000 conseguiria trazer de volta toda a intensidade e a magia da música norte-americana nos anos 1950. Cadillac Records não só consegue, como ainda desperta o interesse da nova geração pela história do blues e do rock. O filme gira em torno da criação do estúdio Chess Records, onde Leonard Chess (Adrien Brody) começa a gravar e produzir artistas que mais tarde se tornariam verdadeiras lendas do blues, soul e do rock como Muddy Water, Little Walter, Chuck Berry, Howlin’ Wolf e Etta James. O time de astros escalados para o elenco contribui para que o longa seja interessante do início ao fim. Beyoncé canta, encanta e hipnotiza no papel de Etta James, provando que pode ser bem mais do que uma estrela do pop. Mos Def encarna Chuck Berry de forma primordial numa atuação perfeita. Assistir Cadillac Records é descobrir o que há por trás das origens de um dos ritmos musicais mais populares e mais intensos, é a certificação do quanto a trinca sexo, drogas e rock n´roll está junta desde o início.
Os Desafinados (2008)
O representante nacional dessa lista é um filme do diretor Walter Lima Junior, ambientado nos anos 1960 e que traz uma boa dose de diversão, principalmente para os amantes do jazz e da bossa nova. Quatro músicos amigos – Joaquim (Rodrigo Santoro), Geraldo (Jair de Oliveira), Davi (Ângelo Paes Leme), Paulo César (André Moraes) e Leon (Michel Bercovitch) – se juntam ao cinegrafista Dico (Selton Mello) para formar o grupo Os Desafinados, que participou do movimento que deu origem à bossa nova. Juntos, o grupo busca a ascensão na carreira e a divulgação de seu trabalho através de uma viagem à Nova York, onde nem tudo acaba acontecendo da forma planejada. O longa demora a engrenar, tem um ritmo lento e alguns diálogos vazios em sua primeira metade, mas aos poucos o roteiro volta a seus eixos e Os Desafinados consegue agradar mesmo sem ter nada de genial. O ponto forte é a bela fotografia que apresenta principalmente o Rio de Janeiro da década de 1960 e algumas tomadas da belíssima Nova York aliviando um pouco a pressão por uma história mais consistente.
Once – Apenas Uma Vez (2006)
Esse é um exemplo de filme simples, porém maravilhoso. O diretor John Carney conseguiu transpor para a tela toda a paixão de duas pessoas pela música e mostrar que a qualquer momento um simples encontro pode alterar para sempre a vida de qualquer um. Glen Hansard vive na Irlanda entre idas e vindas ajudando seu pai numa oficina de manutenção de eletrodomésticos e tocando na rua, tentando se firmar como músico. Seu destino começa a mudar a partir do encontro com Markéta Irglová, uma jovem que também tenta aprimorar seu talento musical, mas convive com as dificuldades de uma vida humilde onde tem que ajudar a sustentar sua mãe e sua filha. Juntos eles vão construindo uma realidade completamente diferente para ambos a cada dia. Once apresenta uma proposta inovadora, onde há uma aproximação maior do espectador com o universo das personagens. O longa foi premiado com o Oscar de melhor Canção de 2007, por Falling Slowly. É emoção do início ao fim, um filme para ver e ouvir em alto e bom som.
Alta Fidelidade (2000)
O início de Alta Fidelidade já nos indica que se trata de algo totalmente peculiar, o ruído da agulha esbarrando no vinil, soltando a pérola “You’re Gonna Miss Me”, do 13th Floor Elevators é o prelúdio de uma das aventuras musicais mais interessantes do cinema. Baseado no romance de Nick Hornby, que influenciou toda uma geração, a versão cinematográfica de Alta Fidelidade ficou a cargo de Stephen Frears, que não decepcionou. O filme narra a trajetória de Rob Gordon (John Cusack), um aficionado por música que vive às voltas com suas listas de melhores canções e de maiores decepções amorosas, enquanto cuida de sua loja de discos. O longa consegue fazer com que o espectador se identifique com as personagens através de tiradas sarcásticas e apresentando manias típicas de viciados em música como a de tentar influenciar outras pessoas com suas preferências. Jack Black, no papel de Barry, demonstra mais uma vez o quanto ganha um filme sobre rock que tenha sua presença, aliás, no filme ele manda uma ótima versão de Let’s Get It On, de Marvin Gaye. Uma produção imprescindível para os amantes do rock e do cinema.
Filme além dos clichês…
Quase Famosos (2000)
E 2000 parece mesmo ter sido o ano da grande homenagem cinematográfica à música, pelo menos é o ano em que duas produções incríveis apareceram para roubar a cena, além de Alta Fidelidade, Quase Famosos surge como uma das maiores surpresas do gênero. É um filme quase perfeito, e que toda pessoa viciada em música pelo menos já ouviu falar. O diretor Cameron Crowe volta ao ano de 1973 para contar a história de William Miller (Patrick Fugit), um jovem fã de rock n’ roll por influência de sua irmã, que decide escrever sobre rock para grandes revistas do gênero e graças a isso embarca junto com a banda Stillwater numa turnê onde ele pode acompanhar de perto e fazer parte do verdadeiro universo do rock. O longa retrata todas as dificuldades enfrentadas por uma banda como brigas, romances, vícios e surpresas desagradáveis; levando o espectador além da visão limitada de fã e da ilusão de que música é só diversão. Quase Famosos foi feito para ser visto e revisto pois acompanhar uma história tão emocionante e com uma trilha sonora tão incrível – de Iggy Pop a Led Zeppelin, passando por Bob Dylan, Black Sabbath e outros – é uma experiência digna de ser revisitada e que não cansa nunca.