Por Aline Fernanda
O chamado Transtorno Dissociativo de Personalidade (anteriormente conhecido como Transtorno de Personalidade Múltipla) tem como característica principal, segundo o CID10, a presença de duas ou mais identidades ou estados de personalidade distintos, que recorrentemente assumem o controle do comportamento. Na maioria dos casos é acompanhada por amnésia – não se lembra do que aconteceu quando assumiu a outra personalidade. O Transtorno Dissociativo de Personalidade é considerado um fracasso do individuo de integrar vários aspectos da personalidade.
Esse é um diagnóstico difícil, mas é um dos preferidos do cinema, literatura, TV. Pra quem gosta de seriado de TV, o melhor exemplo (e mais divertido) é United States of Tara, com a diva da Toni Collette (Pequena Miss Sunshine).
Clube da Luta (Fight Club, 1999)
Jack (Edward Norton)- personagem com histórico de múltipla personalidade – é um executivo jovem que trabalha como investigador de seguros, mora confortavelmente, mas está ficando cada vez mais insatisfeito com sua vida medíocre. Para piorar, ele está enfrentando uma terrível crise de insônia, até que encontra uma cura inusitada para o sua falta de sono ao frequentar grupos de auto-ajuda. Ele conhece o estranho Tyler Durden (Brad Pitt), que o apresenta um grupo secreto que se encontra para extravasar suas angústias e tensões através de violentos combates corporais. O filme é feito de ótimas interpretações, e um roteiro de tirar o folego.
Ilha do Medo (Shutter Island, 2010)
Em 1954, Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) investiga o desaparecimento de um paciente no Shutter Island Ashecliffe Hospital, em Boston. No local, ele descobre que os médicos realizam experiências radicais com os pacientes, envolvendo métodos ilegais e antiéticos. Teddy tenta buscar mais informações, mas enfrenta a resistência dos médicos em lhe fornecer os arquivos que possam permitir que o caso seja aberto. Quando um furacão deixa a ilha sem comunicação, diversos prisioneiros conseguem escapar e tornam a situação ainda mais perigosa.
Leonardo Di Caprio mostrou mais uma vez que é um excelente ator e que trabalha muito bem com o diretor Martin Scorsese – a parceria se iniciou com Gangues de Nova York, seguido de O Aviador, Os Infiltrados e recentemente em O Lobo de Wall Street – que, por sua vez, mostrou que para um filme brilhante é necessário um bom roteiro e uma ótima direção, junto com bons atores. Vale a pena assistir esse filme que tem um desdobramento fantástico.
Janela Secreta (Secret Window, 2004)
Mort Rainey (Johnny Depp) é um escritor em crise, recém-separado. Mort decide se isolar em uma cabana à beira do lago Tashmore, em busca de tranquilidade. Porém, lá aparece John Shooter (John Turturro), que começa a atormentá-lo ao acusá-lo seguidamente de plágio.
O filme é pouco lembrado, mas é um bom suspense que conta com um Depp menos caricato que manda muito bem. Para os amantes do suspenses e os curiosos sobre transtornos psicológicos (sem contar os cinéfilos de plantão), o filme vale ser conferido.
Eu, Eu Mesmo e Irene (Me, Myself & Irene, 2000)
Diferente de todos os filmes citados até agora, Eu, Eu Mesmo e Irene é uma comédia com muitas caretas do ator Jim Carrey, que vive um policial certinho, pai de família e amado por sua comunidade, mas quando não toma sua medicação transforma-se num alter ego beberrão, desagradável e politicamente incorreto, até que “ambos” se apaixonam pela mesma mulher.
Zelig (1983)
Um pseudo-documentário sobre a vida de Leonard Zelig (Woody Allen), o homem-camaleão, que na década de 1920, tinha o dom de modificar a aparência e personalidade para agradar as outras pessoas, conforme o meio onde estava sem ter consciência das suas mudanças.
Zelig foi inicialmente produzido para a TV, mas acabou ganhando dinheiro suficiente para entrar em cartaz nas telonas. Woody Allen produz filmes a frente do seu tempo, e esse não é diferente, umas das coisas boas do filme é sua capacidade de se associar com a atualidade.
Filme Além dos Clichês…
Amigo Oculto (Hide and Seek, 2005)
A história parece com muitas outras, o psicólogo David Callaway (Robert De Niro) tenta desesperadamente ajudar Emily (Dakota Fanning), sua filha de nove anos traumatizada, a lidar com a morte da mãe. Até passarem a ser aterrorizados por alguém ou algo chamado Charlie: um “amigo imaginário” da filha.
O longa teve uma recepção negativa da crítica especializada, mas o que vemos é um filme cheio de simbolismos e um roteiro muito bem amarrado, de um suspense sutil e envolvente. Além, é claro, das interpretações, Dakota, com 11 anos na época, mostrou que podia encarar de comédias (Grande Menina, Pequena Mulher, 2003) a suspenses. A atriz, considerada a melhor atriz mirim da sua época, deu a Emily Callaway, todas as nuances de uma criança traumatizada.
Para os amantes de um bom filme fica a dica de um que é de tirar o folêgo, além da descoberta de quem é o dono da múltipla personalidade…