Por Marília Bacci
Olá, Cinemascopers! Volto mais uma vez com uma crítica de filme de bollywood. Dessa vez, o filme Pink (2016), que estreou aclamado pela crítica e público na Índia, por ser um filme feminista.
Ele conta a história de Minal (Taapsee Pannu), que está sendo processada por um rapaz que ela agrediu. Mas como sabemos que nem sempre as mulheres agridem homens assim, na nossa sociedade, logo descobrimos que ela sofreu abusos deste rapaz e a agressão foi em legítima defesa.
Após várias cenas de abusos psicológicos a Minal e suas amigas por parte dos agressores, elas tentam fazer boletins de ocorrência contra o mandante, mas são desencorajadas pois, além de homem, ele também é filho de um superpoderoso. O filme segue para o julgamento de Minal no caso, com o advogado de acusação dando a entender que ela e suas amigas eram prostitutas, que incitaram os rapazes, deram bebidas e depois cobraram dinheiro deles, que se recusaram a pagar, e então elas se tornaram agressivas.
O diretor Aniruddha Roy Chowdury fez poucos filmes para a indústria hindi (bollywood), sendo mais conhecido na indústria bengali. Não assisti a outros filmes do diretor e não posso afirmar que sua direção em Pink estava direcionada a alguma linguagem autoral, mas sua direção nesse filme não foi das melhores. O clássico em bollywood são atuações mais exageradas, porém nesse caso isso foi elevado à décima potência. Os atores não tinham química entre si para as cenas, todos travados, e o que se vê nas telas é um Amitabh Bachchan (que interpreta Deepak, o advogado de Minal) apático, que nem de longe lembra o “angry young man” pelo qual ficou conhecido.
Como mulher, você já deve estar bem indignada, mas o que vai fazer você ficar com muita raiva é saber que o filme foi salvo por um Deepak que irrompe em um discurso fervoroso e cheio de compaixão a favor das vítimas e de todas as mulheres da sociedade indiana. Tudo bem, se não fosse pela interpretação incrivelmente canastrona de Bachchan. Mais uma vez o dia foi salvo pelas meninas superpoderosas por um homem.
Quando você, mulher/feminista, é surpreendida pela sinopse do filme ao passar por ele na lista de um conhecido serviço de streaming, e começa a assisti-lo, é bom pensar que um dos assuntos mais importantes para nós está sendo discutido numa produção indiana! Mas chegar ao final do filme é frustrante, é perceber que é só mais um homem se apropriando de uma briga que não é dele.
Havia, sim, maneiras de ter conduzido o filme de maneira que desse voz às mulheres, a crítica não é apenas por ele ser homem, é por ele ter feito o óbvio, ter feito algo que não acrescenta em nada na discussão sobre o assunto no mundo, e principalmente na Índia, onde a mulher é subestimada a todos os momentos.