Certa vez, conversando com uma amiga, comentava sobre um filme que havia ganhado a Palma de Ouro, prêmio máximo do Festival de Cannes, e ao confirmar que o longa era realmente bom ela disse “Cannes não desaponta”. Verdade. Talvez não tenha acontecido com você, mas é bem comum duvidar, por exemplo, se o vencedor do Melhor Filme no Oscar é realmente tudo aquilo. Talvez seja o fato de se tratar da grande celebração da indústria hollywoodiana (com exceção de 2020, quando o sul-coreano Parasita levou o prêmio), mas é fato que, de maneira geral, os vencedores de Cannes raramente desapontam. Os selecionados de Cannes em si raramente desapontam, nem precisa ser vencedor.

Cannes, em geral abrange produções de diferentes países e que tratam de temas diversos. E o festival não tem medo de se posicionar ou tocar em temas delicados, o que acaba dando à competição um tom mais sério. Normalmente, os longas selecionados abordam questões que às vezes são tidas como tabu e possuem uma boa dose de crítica social, tudo com uma pitadinha de drama que não pode faltar.

Pensando nisso, resolvi trazer alguns exemplos de longas que participaram do festival e comprovam tanto sua pluralidade quanto sua qualidade. Tem de drama familiar à crise dos refugiados passando por questionamentos existenciais. Todos os filmes citados por aqui estão no catálogo do streaming do Telecine. Inclusive, lá tem uma playlist especial dedicada ao festival e, observando os títulos que estão nela, confirmei o que eu já acreditava: se foi para Cannes, confia, deve ser coisa boa.

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Cléo Das 5 às 7 – Varda no seu melhor

Já começo com um clássico de 1962 dirigido pela brilhante Agnès Varda. O longa, um dos principais de sua carreira, acompanha a cantora parisiense Cléo, que aguarda uma exame que lhe dirá se ela está com câncer. Enquanto espera, ela resolve caminhar pela cidade, refletindo sobre o que fará caso a resposta seja positiva. Em meio ao passeio, seu caminho cruza com o de Anoine, um jovem militar prestes a partir. Estrelado por Corinne Marchand e Antoine Bourseille, esse é um grande exemplo do que dizemos ser “olhar feminino”. Varda insere na história uma mistura de melancolia, esperança e casualidade. Em meio à espera de Cléo, a vida continua a acontecer, alheia a ela e suas angústias, apresentando-lhe, na verdade, as outras angústias que tramitam ao seu redor. Foi indicado à Palma de Ouro.

Bacurau – O cinema brasileiro do jeito que a gente gosta

Bacurau. Nem precisa de introdução, mas vou fazer. Kléber Mendonça Filho em parceria com Juliano Dornelles nos apresentam à realidade da cidadezinha fictícia de Bacurau, onde estranhos eventos começam a acontecer forçando os moradores a se unirem em busca de respostas e para uma batalha com um inimigo incerto. Seguindo o caminho trilhado por Aquarius (que também está na plataforma) e O Som ao Redor, Bacurau arremata o que Mendonça vinha construindo em seus trabalhos anteriores. A mistura do bizarro, com a crítica social e histórias marcantes. Mal dá para dizer qual o melhor momento do longa, mas ouso dizer que a cena em que retrata a arrogância dos brasileiros do sudeste/sul ao se considerarem superiores por suas ditas “ascendências europeias” é um dos auges da história. A produção foi indicada à Palma de Ouro e levou o Prêmio do Júri em 2019, sendo o segundo filme brasileiro da história a alcançar esse reconhecimento.

Tudo Sobre Minha MãeAlmodóvar, o que dizer?

Eu sinceramente considero Tudo Sobre Minha Mãe o melhor filme de Pedro Almodóvar. A história acompanha uma mãe solteira de Madrid que vê seu único filho morrer no dia em que ele completava 17 anos. Solitária, ela vai a Barcelona à procura do pai de seu filho, uma travesti chamada Lola, que não sabe que tem um filho. Em meio a encontros e conexões, ela acaba se tornando amiga de Rosa, uma jovem freira que está para partir para El Salvador. Em meio à vida que teve e a que encontra, ela vai tentando se recuperar da perda e recomeçar. Emocionante, o filme aborda tantos temas diversos que é difícil colocá-lo em uma caixinha. Eu costumo criticar Almodóvar por essa certeza que ele parece ter ao retratar e contar histórias de mulheres, porém, não dá para negar a beleza dessa obra. Não à toa, levou o prêmio de melhor direção em 1999.

Dheepan: O Refúgio – O que se faz por uma chance de viver

Dheepan é um filme que mexe com você, que provoca e angústia. Dirigido por Jacques Audiard, ele narra a história de um homem, uma mulher e uma menina que não se conhecem e fingem ser uma família para fugir da guerra do Sri Lanka. Refugiados na França, eles vão pouco a pouco tentando se adaptar e aprender a viver em uma nova realidade, no entanto, logo percebem que, apesar de terem escapado da guerra, outra forma de violência os espera. O filme toca muito na questão da imigração e como os refugiados são tratados na Europa. Entre a dificuldade de se aprender um novo idioma, se adequar a uma outra cultura e lidar com os traumas vividos, essas pessoas ainda precisam lidar com as constantes agressões e a xenofobia presentes no lugar que deveria representar um porto seguro. O longa ganhou a Palma de Ouro em 2015.

Os Incompreendidos Clássico é clássico.

Encerrando com chave de ouro com um clássico de François Truffaut. Os Incompreendidos é um daqueles filmes que você não pode morrer sem ver. Com um quê autobiográfico, o longa acompanha a história do jovem Antoine Doinel, um menino parisiense negligenciado pela mãe e pelo padrasto e que vê pouco propósito em sua vida. Sua trajetória começa com  faltas às aulas para ver filmes e brincar, evoluindo para mentiras para ocultar as fugas da escola, até que ele sai de casa e passa a viver de pequenos roubos. O jovem Doinel é tido como um alter ego do diretor, personagem que ainda acompanhamos em outras fases da vida em outras obras de Truffaut. Indicado à Palma de Ouro em 1959, levou o prêmio de melhor direção.

Só nessa listinha temos exemplos de obras do Brasil, da França, da Espanha e do Sri Lanka. É uma pequena viagem ao mundo pelos filmes de Cannes e todos eles produções de muita qualidade, reconhecidas internacionalmente. Caso você ainda não conhecesse, essa é a hora de se aprofundar no festival e dar uma chance para obras que às vezes não chegam ao grande público. O melhor: tem ainda mais filmes te esperando lá no streaming do Telecine. Além dos longas de Cannes, o app oferece filmes para todos os gostos e o mais legal: já separados em cinelists. Não perca essa chance!

*Esse post foi produzido pela equipe do Cinemascope conta com o patrocínio do Telecine.

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