Confira a nossa breve opinião sobre os curtas Alienígena, Eu Interior, Memby e Manual do Zueiro Sem Noção, exibidos no Festival Olhar de Cinema:
Alienígena
Direção: Jegwang Yeon | País: África do Sul
Alienígena não é apenas um ser de outro planeta, também é a pessoa de outra cultura que mora num lugar onde não pertence. Nas bordas do capitalismo, alienígenas anônimos são empregados em linhas de produção. É assim com duas mulheres operárias sul-coreanas que trabalham em um país estrangeiro. Sobre elas pouco sabemos, mas percebemos que possuem uma relação que as une.
Na ilegalidade de regime de exploração não existem leis trabalhistas, como logo percebemos. A linha de montagem opressiva devora a força de vida daquelas pessoas, que a todo momento sentem-se controladas e perseguidas. Tudo isso é mostrado com uma economia de quadros e uma fotografia precisa, tipicamente oriental. Rápido e conciso, Alienígena passa sua mensagem na busca pela restauração da dignidade humana.
Eu interior
Direção: Mohammad Hormozi | País: Irã
A arte prospera ainda que seja sob o manto do absolutismo religioso. É isso que vemos em Eu interior. Neste curta, uma jovem violinista tem uma audição a fazer, mas é impedida de entrar no local pois não está utilizando a roupa culturalmente indicada para mulheres islâmicas. Enquanto espera na recepção por uma vestimenta adequada, ela conhece outras mulheres que passam pela mesma situação.
Eu interior nos mostra como regras irracionais fazem pouco sentido até mesmo para as pessoas que as aplicam. Simples na forma e no conteúdo, o curta é bem realizado, mas recai nos arquétipos da ajuda inesperada e da cumplicidade que surge entre indivíduos diante do autoritarismo.
Memby
Direção: Rafael Castanheira Parrode | País: Brasil
Difícil de caracterizar (e assistir) Memby é um filme sensorial que nos apresenta a um mundo inventando pelo diretor, onde vida orgânica e digital se fundem. A trilha sonora inclui diversos instrumentos musicais diferentes, enquanto as imagens exibidas são sobrepostas e distorcidas. Não existe uma narrativa. Memby é um filme mais de sentimento do que de entendimento que experimenta muito e acaba colocando a estética acima do conteúdo.
Manual do Zueiro Sem Noção
Direção: Joacélio Batista | País: Brasil
O objetivo inicial do diretor era criar um filme alegoria que reunisse questões políticas, sociais e culturais por meio dos personagens crianças. Isso foi alcançado de alguma maneira, sobretudo pelo contraste do texto de narração maduro declamado por um dos pequenos. Ainda sim, esperava-se mais peripécias, principalmente quanto à forma, de um curta intitulado Manual do Zueiro sem Noção. Ainda sim é interessante ver as crianças em suas brincadeiras.
* Este texto faz parte da cobertura do Cinemascope sobre o Festival Olhar de Cinema
Para conhecer outros curtas do Festival Olhar de Cinema, confira a programação.
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