Por Mário Neto
Criativo, cativante e consistente, essas são as principais características de Malária, curta-metragem que incorpora em sua linguagem elementos de HQ, desenvolvendo, assim, um estilo híbrido de mídia em seu processo narrativo. Contextualizado em um ambiente de faroeste, o filme nos mostra uma intrigante conversa numa mesa de bar entre a Morte e um homem que está disposto a assassiná-la. A trama é regida por uma espécie de apreensão cadenciada, na qual a Morte munida de uma incrível retórica serena, busca convencer seu algoz de abdicar da ideia de eliminá-la, expondo a necessidade de sua existência para a humanidade.
A obra apresenta um roteiro extremamente bem construído com arco dramático coeso e personagens densos, um trabalho de interpretação e impostação de voz preciso, desenvolvido brilhantemente pelos atores/dubladores Alexandre Moreno e Rodrigo Araújo, uma fotografia impecável que utiliza paleta de cores quentes e fortes para legitimar o clima western de tensão, uma direção de arte de extremo bom gosto e oportuna trazendo elementos que são inseridos de maneira inteligentíssima na narrativa, além de sonoplastia eficaz e trilha sonora encorpada. Mas o que realmente faz com que Malária seja uma obra notável é seu aspecto criativo inovador, utilizando técnicas que mesclam stop-motion, grafismo, big closes pontuais e interação direta (literalmente) do criador com a história que está sendo contada, fazendo com que sejamos envolvidos a cada segundo no filme.
O curta-metragem é dirigido, escrito e produzido pelo publicitário Edson Oda, vencedor do concurso cultural de lançamento de Django Livre, que tinha como prêmio uma viagem para acompanhar as filmagens do longa, além da oportunidade de conversar com o aclamado diretor Quentin Tarantino, o qual Oda agradece nos créditos finais de seu curta. Esperamos que Malária seja o primeiro trabalho de um promissor realizador, assim como Cães de Aluguel um dia já foi.
Assista o curta: