Por Domitila Gonzalez
O segundo filme da trilogia das cores leva no título a palavra “igualdade” e conta a história de um imigrante polonês que foi humilhado por sua ex-mulher francesa (Julie Delpy) e busca vingança. A cena inicial do filme situa o espectador numa audiência para um divórcio e já encaminha o enredo para o ponto de vista de Karol Karol (Zbigniew Zamachowski), personagem central da trama.
Já de cara é possível notar que, diferentemente do primeiro filme da trilogia, lançado pelo diretor Krzysztof Kieslowski, A Igualdade é Branca vem carregado de picos de emoções e quase zerado de filtros. Apesar de levar a cor branca no título, o espectador mais atento percebe que as outras cores continuam sendo elementos fortes na composição fotográfica do filme, assinada por Edward Klosinski.
Os quadros se desenvolvem focando grandes paisagens ou cenas internas muito bem arquitetadas. Aliás, em quase todos os planos é possível ver algum detalhe branco, ou azul, ou vermelho, ou mesmo os três juntos. Um sopro de sofisticação.
Apesar de os filmes fazerem parte do mesmo bloco de produções, pode-se identificar um roteiro mais frágil em Blanc. Enquanto em Azul observávamos uma reflexão densa e cheia de nuances sobre o luto, aqui na cor branca o realismo está quase no limiar patético, seja pelo motivo do divórcio dito ao juiz, seja pelo plano mirabolante de Karol – que, obviamente, dá certo – ou por detalhes que passam batidos, como uma mala carregando um corpo passar tranquilamente pelo raio-X.
Do meio do filme para frente, a coisa fica tão truncada que parece uma sucessão de “o que será que esse cara tá fazendo?”. Por um lado é bom. Tira o espectador da passividade e força uma reflexão. Mas por outro, tira ritmo da trama e transporta a argumentação sobre questões humanas para outro viés, visto que abusa das saídas nada convencionais, no pior sentido da coisa.
Apesar dos supostos furos no roteiro, não deixa de ser um filme muito bem produzido. Interessante colocar a questão do imigrante, mesmo que em plano de fundo, e a entrada do capitalismo na Polônia.
A Igualdade é Branca é o segundo filme da trilogia das cores e venceu o prêmio de melhor diretor no Festival Internacional de Cinema de Berlin, em 1994.
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