(Participação especial Cinema clássico)Filmes com crimes “perfeitos” são costume de Hollywood há muito tempo. Mas será que existe mesmo um plano perfeito?
Para Tony Wendice (Ray Milland), sim. E ele passou muito tempo planejando seu crime perfeito. Sua esposa Margot (Grace Kelly, no primeiro trabalho em parceria com Hitchcock) está o traindo há muito tempo com o famoso escritor de romances policiais Mark (Robert Cummings), e seu marido com muito planejamento elabora o “plano perfeito” para matá-la.
Para isso, ele irá contar com um antigo colega de faculdade recém-saído da cadeia, pronto para matar sua esposa em troca de dinheiro. O plano está pronto. É ensaiado meticulosamente. Mas….e quando o assassino é morto pela vítima? Bom, quando o suposto plano perfeito dá errado é hora de Wendice usar toda sua inteligência e tentar uma última cartada, num plano B desesperado e ousado.
Aqui, Hitchcock realiza um dos filmes mais simples de sua carreira e um dos melhores, certamente. O próprio diretor na época disse que era só mais um filme rotineiro, nada grandioso. Com certeza deve ter se surpreendido, pois Disque M para Matar tornou-se uma de suas obras mais cultuadas.
Realmente, o filme é simples. Noventa por cento dele se passa no mesmo cenário, o círculo de personagens se fecha em quatro durante todo o filme, e a trama não é tão complexa. Mas é muito, muito inteligente.
A forma como é narrada, por exemplo, é incomum: o personagem principal é na verdade o “vilão” da história, que de início já conta todo o seu plano de assassinar a esposa ao cúmplice e juntos ensaiam, ensaiam, planejam toda a ação, numa espécie de exibição, de apreciação intelectual, o que nos leva por um momento não só a apreciar o plano de Wendice como também a torcer pelo assassino!
Mas e quando o plano dá errado e um detetive entra na história para apurar tudo de perto e começam as desconfianças? Hora de Wendice por sua cabeça para funcionar como que improvisadamente, numa interpretação maquiavélica, fria e cínica de Milland. E assim o roteiro genial do filme só ganha força e a partir da simplicidade citada antes, só ganha força e mais força, prendendo cada vez mais o espectador, sem saber o que acontecerá aos personagens.
E assim Hitchcock põe em prática todas as características que o consagraram como o “Mestre do Suspense” nos brindando com uma tensão que só aumenta e que não sabemos como irá acabar. Totalmente imprevisível. É possível existir um crime perfeito? Em certo momento, o escritor de romances policiais vivido por Cummings põe isso em debate e a conclusão pode ser apreciada na própria trama.
Veja o trailer:
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