No Dia Mundial do Rock, vale a pena relembrar: 1969 foi um ano bem promissor para o gênero. O festival de Woodstock marcava o auge do movimento Hippie, com shows de artistas como Jimi Hendrix, Santana, The Who e Joe Cocker. Led Zeppelin lançava seu primeiro álbum de estúdio, que contava com  músicas que ficariam para sempre na história do rock como Good Times Bad Times.

Nesse mesmo ano era lançado o clássico disco dos Beatles, Abbey Road. Disco esse que tem, talvez, a capa mais copiada, parodiada e conhecida do conjunto. Os quatro integrantes: George Harrison, Paul McCartney, Ringo Starr e John Lennon, aparecem em fila atravessando a rua homônima. Nos bastidores da gravação, o conjunto se encaminhava para o seu fim e tudo estava sendo filmado. No ano seguinte, as imagens seriam lançadas em formato de documentário junto com o último disco do grupo, entitulado Let it Be (1970).

A ideia inicial era mostrar a volta dos Beatles aos palcos, o lançamento de um novo disco e uma turnê. O nome inicial do projeto seria Get Back, algo como “os Beatles estão de volta”. Mas, as coisas desandaram bastante e ao invés de retratar a volta do conjunto, a iniciativa tornou-se a razão da separação dos Beatles. É incrível como isso aparece tão claramente na tela.

Dia Mundial do Rock e Let it Be

O filme se passa nos estúdios, com os quatro inventando e experimentando sons e formas de fazer música. No meio disso tudo vemos Paul tentando ser o líder da banda, que não tinha um há algum tempo.

George Martin,  considerado o quinto Beatle por ajudar os músicos tanto na produção quanto nos conflitos pessoais, havia falecido. George Harrison, de saco cheio de tudo, não questiona muito e diz coisas como “só me digam o que eu preciso fazer”. Lennon parece não se importar com tudo que está acontecendo e começa a, literalmente, dançar valsa no meio do estúdio com Yoko Ono. Ringo aparece perdido em algum canto, só esperando alguém falar o que deve fazer.

Porém, nem tudo é treta nessa recordação do Dia Mundial do Rock. É interessante ver o processo de construção das músicas. Um momento de aparente descanso se mostra um ócio criativo quando os acordes de violão avulsos e batidas aos poucos se tornam músicas que hoje são clássicas.

Um dos momentos mais legais é a gravação da faixa Maxwell’s Silver Hammer, que em tradução literal é algo como “O Martelo cor de prata de Maxwell”. Aqui descobrimos que eles levaram realmente um martelo e um pedaço de ferro ao estúdio para fazer o barulho da batida que aparece na música.

Esses sons, que não são de instrumentos musicais, já haviam aparecido de forma mais marcante em outro disco do conjunto. O também clássico Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967). Tal efeito foi o diferencial para torná-lo um dos melhores álbuns de todos os tempos. Assim também como o Pet Sounds (1966), do grupo Beach Boys.

As gravações mostradas no documentário Let it Be, deram origem tanto a um álbum de mesmo nome quanto de Abbey Road.

O álbum que nunca chegou aos palcos

As músicas mostradas nos ensaios foram lançados tanto no Abbey Road quanto no Let it Be (1970), que foi o último disco do conjunto. Os instantes finais do filme são compostos por sua derradeira apresentação, em cima do prédio da gravadora. Esse momento foi repetido por diversos artistas nos anos seguintes.

O mais interessante é mesmo ver a reação do público. Os elegantes cidadãos britânicos passam pelas ruas olhando para o topo do prédio, sem entender o que está acontecendo. Começam a surgir pessoas no alto dos prédios e casas vizinhas tentando enxergar  melhor a performance.

Eu gosto da fala de uma velhinha que, ao ser questionada sobre o que está acontecendo, atesta num tom de raiva “Isso é totalmente insano!”. No fim, os quatro são quase presos por perturbar a vizinhança.

Acredito que Let it Be vem para mostrar que o quarteto não estava na mesma sintonia de antes. As brigas de bastidores faziam com que o grupo não produzisse tão bem. Abbey Road e Let it Be foram os dois últimos suspiros do conjunto.

Ao contrário da lenda e conforme o próprio George Harrison confirmou, Yoko Ono não foi o motivo do fim dos Beatles. Eles tinham problemas muito maiores do que o surgimento da namorada de um dos membros. Algo para refletirmos nesse Dia Mundial do Rock.

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