Por Gustavo Soussumi
Scorsese (A Ilha do Medo), apaixonado pelo mundo do cinema e um dos maiores cineastas vivos, encontrou no livro de Brian Selznick uma oportunidade de prestar homenagem à história da sétima arte, o que fez em grande estilo. A Invenção de Hugo Cabret é uma história multi gênero, apresentando-se como um drama com elementos de fantasia e até mesmo do steampunk, subgênero da ficção científica.
A história gira em torno do personagem principal, Hugo Cabret, interpretado por Asa Butterfield (O Menino do Pijama Listrado), que mora entre as paredes de uma agitada estação de trem da França, pouco após a Primeira Guerra Mundial. Pelas frestas, Hugo observa a movimentação dos passageiros e funcionários, o que além de diverti-lo permite que ele encontre as melhores oportunidades para roubar pequenas coisas para sobreviver. Na tentativa de conseguir partes extras para reparar seu autômato, um pequeno robô mecânico deixado por seu falecido pai, o destino do garoto acaba levando-o a desvendar a história de Méliès, ilusionista e um dos precursores do cinema que tentava em seus filmes causar a mesma sensação de magia de seus atos. Nos é apresentada uma verdadeira aula sobre a história do cinema, e a recriação de alguns filmes de Méliès foi fiel aos originais. São mostradas também cenas de filmes recuperados, nos quais podemos ver o processo de efeitos especiais e colorização utilizados na época.
Os elementos steampunk estão muito presentes, mas não são suficientes para categorizar o filme como pertencente a esse gênero. Para quem não conhece, o steampunk é uma versão retrô do cyberpunk, e ambos focam em uma determinada tecnologia, com máquinas avançadas, enquanto contam histórias de personagens do submundo. Porém, enquanto cyber é uma visão de um futuro dominado por alta tecnologia, computadores e robôs, steam (que em inglês significa ‘vapor’) retrata a tecnologia como decorrente da evolução direta da era vitoriana, com máquinas mecânicas cheias de engrenagens e muitas vezes movidas a vapor. De fato, temos Hugo como um garoto órfão e pobre, roubando para comer, e que conserta relógios e máquinas. Por se passar em uma estação ferroviária, engrenagens e vapor estão por todos os lados, e o autômato é o maior elemento desse gênero. Porém, mesmo com tudo isso, a história não é uma visão retrofuturista, sendo no final apenas um filme de época.
O elenco conta também com Chloë Moretz (Deixe-me Entrar) no papel da amiga de Hugo, Isabelle, e Ben Kingsley (A Ilha do Medo), interpretando brilhantemente o cineasta Georges Méliès. Destaque também para a atuação de Sacha Baron Cohen (Brüno) em seu primeiro drama. Pode-se dizer que o personagem combinou bem com o histórico irreverente do ator, que sempre brilha ao interpretar estereótipos.
A Invenção de Hugo Cabret recebeu 11 indicações ao Oscar 2012, incluindo o de melhor filme, melhor diretor, trilha sonora original, fotografia e direção de arte. O filme é uma experiência audiovisual surpreendente, e melhor aproveitada na sua versão 3D, utilizando ao máximo a tecnologia para causar a imersão total dos espectadores.
A invenção de Hugo Cabret (Hugo)
Ano: 2011
Diretor: Martin Scorsese.
Roteiro: John Logan.
Elenco Principal: Chloe Moretz, Jude Law, Sacha Baron Cohen.
Gênero: Aventura.
Nacionalidade: EUA.
Veja o trailer:
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