O Festival Varilux de cinema francês disponibilizou um catálogo de 50 filmes francófonos na plataforma Looke. Na esteira das lives e debates culturais em meio à pandemia, esse foi o modelo que o festival encontrou de contribuir com as políticas de isolamento: o Festival Varilux em Casa.
Com o objetivo de proporcionar uma paisagem do cinema contemporâneo francês está disponível na plataforma uma diversidade de gêneros e filmes, entre eles, o drama de Pierre Schoeller – A Revolução em Paris (Um peuple et son roi) de 2018. A obra remonta a Revolução Francesa, em seu arco de momentos históricos emblemáticos que vão desde a tomada e queda da bastilha até a proclamação da 1 República Francesa e decapitação de Luís XVI. Em meio a esses marcos, A Revolução em Paris cruza o destino de figuras ordinárias e dos estratos da camada social mais baixa como trabalhadores urbanos, os sans-cullotes (sem calças) e camponeses com figuras históricas crucias do momento político como Robespierre, La Fayatte, etc.
O filme enfoca a classe despossuída de direitos em sua luta pela conquista dos bem conhecidos e disseminados princípios de liberdade, fraternidade e igualdade. Grande parte da narrativa se dá nas assembleias constituintes onde revivemos a disputa política entre os nobres e o povo engajado e o embate entre girondinos – grupo político moderado – e jacobinos – grupo político radical.
No entanto, A Revolução em Paris, em sua carga de didatismo, perde o fôlego ao reencenar diversos fatos já bem conhecidos e, também, já narrados pelo cinema. Por outro lado, há de se considerar o belo trabalho fotográfico do filme, bem como o destaque ao protagonismo oferecido às mulheres pelo longa-metragem, inclusive, protagonismo personificado na eloquente interpretação de Adèle Haenel.
Em uma construção didática, progressiva, de acontecimentos lineares e datados pela inserção de letreiros, A Revolução em Paris tem seu mérito ao contar a história pelo olhar dos oprimidos e de quem efetivamente movimenta os pilares sedimentados em que a sociedade se estrutura. De um modo geral, o filme inscreve-se na longa trajetória do cinema francês que se dispõe a retratar os principais acontecimentos históricos e revolucionários da nação.