A questão sobre estarmos ou não sozinhos no universo é uma das mais intrigantes já colocadas diante da humanidade. Afinal, se há vida (inteligente ou não) em outros planetas, por que não tivemos sinal algum de que ela existe? Para responder a essa pergunta, Clifford McBride (interpretado por Tommy Lee Jones) parte em uma missão rumo à fronteira do sistema solar.
Nas primeiras cenas de Ad Astra (recentemente indicado ao Oscar de melhor mixagem de som), somos apresentados ao filho de Clifford, o Major Roy McBride (Brad Pitt). Seguindo os passos do pai, desaparecido desde sua infância, Roy se tornou um destemido e eficiente astronauta. A história é ambientada em um futuro não muito distante, no qual as viagens à Lua são como voos domésticos de avião e uma base em Marte já foi instalada.
É quando a Terra começa a receber estranhas ondas de energia, que causam desastres e podem significar o colapso da civilização humana. Acreditando que esses distúrbios estão sendo provocados pela nave perdida de Clifford, próxima ao planeta Netuno, o governo dos Estados Unidos envia Roy em uma missão especial e secreta até Marte, para que ele tente se comunicar com seu pai.O foco de Ad Astra é a jornada de Roy para encontrar respostas sobre a figura paterna e solucionar o mistério que coloca em risco toda a humanidade. Um homem aparentemente inabalável e que não demonstra emoções, ele descobre aspectos de sua própria identidade que desconhecia, ao mesmo tempo em que fragmentos de memórias e arrependimentos do passado o atormentam.
Embora a performance de Brad Pitt seja louvável, Ad Astra peca pelas ambições do diretor James Gray (de A Cidade Perdida de Z e Era Uma Vez em Nova York). Ao tentar criar uma odisseia espacial, inspirando-se em obras menos sci-fi e mais reflexivas como O Primeiro Homem, ele acaba produzindo uma ficção científica de ritmo lento que remete aos filmes de Terrence Malick. A própria narração em off, colocada sobre cenas visualmente poéticas, denota essa inspiração. Seria uma característica positiva, se o roteiro não culminasse em resoluções simplistas e previsíveis.
Apesar disso, qualquer narrativa que levante questionamentos sobre os mistérios do universo, os medos e as reflexões que isso desencadeia, assim como o comportamento do ser humano perante o desconhecido (e, por vezes, a obsessão em realizar feitos heróicos que tragam significado à sua existência), desperta interesse. Afinal, como escreveu Arthur C. Clarke, “duas possibilidades existem: ou estamos sozinhos no universo, ou não estamos. Ambas são igualmente assustadoras.”