Por Heleni Flessas

Figura notória da França pré-revolucionária, símbolo de moda e luxo, e suposta dona da fala “se não tem pão, que comam brioches!”, Maria Antonieta já ganhou inúmeras interpretações no cinema, entre elas, a de Kirsten Dunst com seus famosos tênis cor-de-rosa. Em Adeus, Minha Rainha, porém, a proposta difere da maioria dos filmes de época: a história é contada pelo ponto de vista da criadagem, dos empregados de Versailles.

Sidonie Laborde, interpretada por Léa Seydoux (A Bela Junie, Bastardos Inglórios), é uma jovem criada que alimenta uma excessiva devoção pela Rainha, fechando os olhos para a rotina imprudente do palácio. Quando a notícia da Tomada da Bastilha chega à Versailles, servos e nobres moradores da Corte fogem em desespero, abandonando a família real. Mesmo com todo o tumulto, Sidonie permanece ao lado da Rainha, trabalhando como sua leitora, certa de que nada de ruim poderá acontecer.

Apesar da interessante abordagem do tema (afinal, podemos imaginar como era a influência da Rainha nas moças da época em diversos aspectos, como a moda e o estilo de vida), o filme não consegue chegar aonde pretende. O tempo passa, deixando o espectador com grandes expectativas, mas nada acontece. Uma grande quantidade de personagens sem caráter aparece na tela, mas estes não conseguem se diferenciar na trama. Com a preocupação em mostrar os últimos dias da família real em Versailles, esperava-se uma exploração mais dramática, mais tensa da história, mas nem aí a mensagem chega.

A escolha de Diane Kruger (Tróia, Bastardos Inglórios) para interpretar Maria Antonieta também não surte muito efeito, já que tem uma atuação apagada e insegura. Mesmo focando em um retrato mais romântico e ardente da Rainha, acabou faltando intimidade, calor humano, e até mesmo um apelo sexual, ao apresentar seu relacionamento com sua grande companheira, Madame de Polignac.

Um ponto positivo da obra é a delicada e iluminada fotografia, que recheia a tela de jogos de luzes. Os figurinos também não ficam atrás e, como em muitos filmes de época, chamam atenção do espectador pela pomposidade. No fim, o que realmente corresponde às expectativas é a atuação inspirada de Léa Seydoux, a qual teve o melhor papel.

A ideia de trabalhar o tema da Queda da Bastilha pela perspectiva de uma criada é, certamente, muito promissora. Entretanto, a delicadeza da direção de arte e a bela atuação de Seydoux não são suficientes para atender expectativas, e o roteiro falha em embalar o espectador. Para quem nunca leu sobre a Revolução Francesa e Maria Antonieta, o filme acaba ficando confuso e, mesmo para quem tem noções do tema, a obra vai se tornando maçante e morna na medida em que o tempo vai passando. Faltou alguma coisa, talvez um pouco mais de personalidade.

adeus minha rainhaAdeus minha rainha (Les adieux à la reine)

Ano: 2013

Diretor:  Benoît Jacquot.

Roteristas: Benoît Jacquot, Gilles Taurand.

Elenco Principal: Léa Seydoux, Diane Kruger, Virgine Ledoyen, Noémie Lvovsky.

Gênero: Drama

Nacionalidade: França

 

 

 

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