Feminismo teen em formato de blockbuster resume bem o que é a nova versão de As Panteras (2019). Logo na primeira cena, que se passa no Brasil, Kristen Stewart tem um diálogo com um bandido sobre “o lugar da mulher no mundo”. Obviamente, essa cena termina com muita correria e luta num quarto de hotel no Rio de Janeiro. O filme inteiro segue esse padrão de cenas de ação permeados pelo discurso feminista. E isso não é ruim.

Nessa versão millennial, temos Sabina Wilson (Kristen Stewart) e Jane Kano (Ella Balinska) como duas panteras com um certo tempo de experiência. Em uma de suas missões, elas precisam ajudar Elena Houghlin (Naomi Scott), uma cientista que desenvolveu uma nova tecnologia de energia limpa, a impedir que seu invento acabe sendo usado como arma. Elas contam com a ajuda da Bosley (Elizabeth Banks) como guia para resolver o caso.

As Panteras tem roteiro e direção nas mãos de Elizabeth Banks, o que passa mais credibilidade para falar sobre feminismo em um filme cujo as protagonistas são mulheres. Como disse no começo, todo o filme vai usar as premissas do movimento para construir sua história. Os vilões são homens e estes, seus capangas e demais personagens masculinos são, em sua maioria, escrotos que subestimam a inteligência e habilidade das garotas. Os diálogos e reviravoltas apontam para essa direção de construir a imagem de mulheres independentes e capazes de se protegerem sozinhas.

Somente um personagem masculino está a salvo de ser escroto: o amigo de Elena, Langston. E aí entra a sacada. Para interpretar o personagem, a produção recorreu ao ator Noah Centineo, que ficou famoso pelos filmes da Netflix Para Todos os Garotos que Já amei (2018) e O Date Perfeito (2019) sucesso principalmente entre o público teen. Fica claro que o filme quer atingir um público bem específico. Não só por esse ponto, mas pela escolha dos nomes que compõem a trilha sonora como Anitta, Ariana Grande, Lana Del Rey e Miley Cyrus (essa música ficou o dia inteiro na minha cabeça). Tirando isso, As Panteras segue o padrão de filmes de espionagem. Equipamentos tecnológicos disfarçados de objetos comuns, viagens para diferentes continentes, traições e reviravoltas.

Outro ponto é que as garotas aqui são menos sexualizadas que na adaptação anterior. Acredito que muito se deve à direção estar a cargo de uma mulher. Das três, Ella Balinska é a que parece estar mais a vontade no papel. Kristen Stewart e Naomi Scott chegam, muitas vezes, no limite de ficarem caricatas. Aliás, essa nova versão se aproxima de uma visão mais realista do universo de espiões, diferente da versão dos anos 2000 que era bem caricata, com poses típicas de filmes de kung-fu antigos.

O que não ficou muito claro é se foi um filme feito usando recursos Hollywoodianos para falar sobre feminismo ou usou o feminismo para ganhar dinheiro com uma fatia ascendente do mercado. Para ser sincero, acho que tem um pouco dos dois. Filmes desse tipo são feitos para ganhar dinheiro, ocupar centenas de salas e garantir continuações. Logo, por que não usar tal oportunidade para, mesmo no meio de cenas de ação, falar sobre um tema mais sério e necessário? E que ótimo que fizeram de forma mais próxima do correto colocando uma mulher na direção.

 

As Panteras

Ano: 2019
Direção: Elizabeth Banks
Roteiro: Elizabeth Banks, Evan Spiliotopoulos, David Auburn
Elenco principal: Kristen Stewart, Naomi Scott, Ella Balinska, Elizabeth Banks, Patrick Stewart
Gênero: ​Ação, Aventura, Comédia
Nacionalidade: Estados Unidos

Avaliação Geral: