Tá difícil acompanhar nesse ano a onda de tantos lançamentos no cinema que já vêm com uma trilha sonora melhor que a outra. E como se já não bastassem os incríveis Rocketman, Suspiria e A Música da Minha Vida, ainda somos presenteados com a trilha de Era Uma Vez em… Hollywood. Onde vamos parar? Que seja só o começo!

Se você vai ao cinema pra ouvir música, não está sozinho. Pode acreditar. E se já foi assistir Era uma Vez em Hollywood sabe que ao ouvir a trilha sonora é bem possível que – assim como eu – tenha curtido ver e ouvir as músicas em ação na telona, onde tudo se encaixa, exatamente como no desfecho do nono filme de Quentin Tarantino.

Fazia bastante tempo que não me divertia tanto numa cena de carro em alta velocidade, desde quando vi Baby dirigindo ao som de Bellbottoms, da The Jon Spencer Blues Explosion, em Baby Driver(2017). A sensação – ao ouvir a trilha isolada – de estar em um eterno programa de música no rádio ou na tv nos anos 1960, com a voz de um locutor empolgado, vinhetas e propagandas entrecortando as canções é algo parecido com o que Josh Homme, Eric Valentine e Adam Casper aplicaram no álbum Songs for the Deaf, do Queens of the Stone Age. Aliás, o vídeo de Go With the Flow ilustra bem o que falamos da dobradinha rock + carro acelerado. Clark Collis, da revista Entertainment Weekly, até disse em entrevista com Tarantino e parte do elenco, que dirigiu por Los Angeles ouvindo Neil Diamond e teve ao menos a sensação de ter um conversível, como o personagem Cliff Booth, interpretado por Brad Pitt.

Sorte nossa ter um diretor de cinema fissurado em música e na pilha de ainda sentar, revirar discos e mais discos de sua coleção e escolher a dedo os sons da trilha sonora dos seus filmes. Essa dedicação em Era Uma Vez em… Hollywood resultou no que o jornalista Diego A. Manrique chamou de “um disco que nenhum algoritmo poderia inventar”. As músicas são datadas até 1969, quando devia ser quase impossível imaginar que 50 anos depois alguém faria algo semelhante, juntando pérolas pra sonorizar uma produção que também remete aos anos 1960. E isso é emblemático quando celebramos 50 anos de marcos na música, como o Festival Woodstock e 50 anos de discos importantes, como o Abbey Road, dos Beatles, que também foi inspiração para uma produção de 2019, o filme Yesterday

E a trilha foge totalmente de grandes nomes da música pop? Não necessariamente. Joe Cocker, Simon & Garfunkel e Rolling Stones estão presentes, apesar de nem todos terem ido parar no disco da trilha sonora. E em se tratando de trilha, 2019 está sendo tão generoso com a gente que parece que quando a gente já achou a melhor, descobre que o melhor ainda está por vir. Se bem que, pra bater de frente com com uma invasão de domicílio pré pancadaria sanguinária com You Keep Me Hanging On do Vanilla Fudge ao fundo, só mesmo a invasão não menos violenta em Us, de Jordan Peele, ao som de Fuck the Police.

Essa trilha é pra curtir no cinema, em casa, no banho, na rua, no carro, no trabalho e onde mais der vontade. A playlist da trilha casa com a experiência completa de ouvir os outros sons de frente pra tela – recomendo um Imax (se ainda der tempo). E mesmo que você ainda não tenha a oportunidade de assistir Era Uma Vez em… Hollywood, vá ouvir esses sons e depois volta aqui pra dizer se conseguiu achar uma trilha melhor que essa. 

Até a próxima!

 

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