Por Lívia Fioretti
Sabe aquele filme que deveria ter pelo menos mais uma hora de duração? É o caso de Ave, Cesar! (Hail, Cesar!), novo longa dos irmãos Coen.
O filme inicia com uma confissão – daquelas de igreja mesmo – onde Eddie Mannix (Josh Brolin) se mostra profundamente arrependido por mentir à sua mulher sobre parar de fumar. A cena é cortada para o personagem sentado em seu carro em plena madrugada chuvosa, como um policial vigilante à espera de ação. De repente o espectador se depara com clarões e estrondos saindo pela janela de uma pacata casa – seriam tiros? Ao arrombar a porta, Mannix se depara com…uma de suas atrizes posando para um ensaio fotográfico. Nesse momento entendemos a complexa função do personagem: ele abafa escândalos e trata da vida pessoal dos funcionários da Capitol Studios.
A partir de Mannix – que para a curiosidade da nação, foi um personagem real – o filme se desenrola como uma sátira aos anos áureos de Hollywood, brincando com a paranoia comunista do pós-guerra. Entre diversas ramificações, a história central gira em torno do sequestro da grande estrela dos estúdios, Baird Whitlock (George Clooney com um toque de Kirk Douglas), que é levado por um grupo que se auto intitula “O Futuro” em pleno set de gravações.
O elenco do longa não tem nada de fraco: para representar diversos clichês da indústria, os Coen recrutaram Scarlett Johansson (a santa do pau oco que protagoniza musicais aquáticos), Channing Tatum (sapateando em um uniforme de marinheiro), Tilda Swinton (como gêmeas rivais em suas colunas de fofocas), Alden Ehrenreich (cowboy escalado para um filme classudo) e Ralph Fiennes (o cultuado diretor europeu). Isso só para citar alguns. As pequenas tramas e personagens caricatas ajudam a fisgar o espectador como o laço que Hobie Doyle faz com o macarrão para impressionar uma suposta Carmen Miranda (que no caso se chama Carlotta Valdez e é interpretada por Veronica Osorio).
Ave, Cesar! traça um paralelo interessante e criativo entre o Calvário e a indústria cinematográfica americana, sem abrir mão do bom humor. Como disse no começo do texto, é um filme que possui história para mais do que suas 1h40 de duração, afinal, abordar os gêneros drama, musical, sapateado, western, épico com personagens complexos e falando de cinema, comunismo e religião não é fácil.
Ano: 2016
Direção: Joel Coen, Ethan Coen
Roteiro: Joel Coen, Ethan Coen
Elenco principal: Josh Brolin, George Clooney, Alden Ehrenreich, Scarlett Johansson
Gênero: Comédia, Musical, Policial
Nacionalidade: EUA, Reino Unido
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