Quando era criança, eu era frequentador assíduo da Sessão da Tarde (inclusive, escrevi um texto sobre isso). Lá assisti a diversos filmes onde uma criança com problemas com os pais ou na escola encontra algum amigo inusitado e apronta altas confusões. São exemplos alguns fimes como André uma foca em minha casa (1994) e Meu Pequeno Ladrão (1994). Bumblebee (2018) segue basicamente o mesmo caminho. A diferença é que em Bee o problema é bem maior: se trata de um robô gigante que está metido em confusões intergalácticas.
Apesar de ser o sexto filme da franquia Transformers, Bumblebee é o melhor da saga de Michael Bay. O filme conta os acontecimentos ocorridos antes do primeiro longa de 2007 e detalha os motivos de os robôs gigantes virem se hospedar no planeta Terra. A direção troca de dono e quem assume é Travis Knight, diretor de Kubo e as Cordas Mágicas (2016).
Diferente dos demais, esse simplifica a problemática do filme e dedica um tempo maior aos conflitos da mocinha, Charlie (Hailee Steinfeld) e a relação dela com o robô Bee (que é dublado por Dylan O’Brien). Isso cria uma profundidade maior dos personagens e seus conflitos e proporciona a platéia uma aproximação com estes.
A problemática com os vilões é resumida ao essencial o que, ao contrário do que parece, é ótimo. Uma dupla de Decepticons vem a terra atrás de Bee para extrair dele informações sobre o paradeiro do líder dos Autobots, Optimus Prime. A junção da nossa aproximação com os mocinhos e a simplicidade do plano dos vilões faz com que nos importemos de verdade com o que virá em seguida. A relação entre Bee e a mocinha serve também como justificativa para acontecimentos e características do robô amarelo nos demais filmes.
Como o filme se passa na década de 1980, temos fitas k7, discos de vinil e uma áurea muito parecida com os filmes hoje clássicos. Inclusive o Clube dos Cinco (1985) é usado como referência. A trilha oitentista, que conta com The Smiths e Tears For Fears, dá uma contextualização da época em que a história se passa e entrega um ar de nostalgia para o filme. Eu como fã de música, dei mais um pontinho só pela trilha sonora.
Fiquei pensando que, após cinco filmes “Transformers”, o sexto saiu muito bem, obrigado. Será, então, que o “problema” estaria na cadeira de diretor? Visto que foi a peça mais relevante alterada nesse cálculo, é possível. Porém, como diz um amigo meu, acho que Bay está mais preocupado em encher seus bolsos de dinheiro e vender muito bonequinho e McLanche Feliz do que agradar a nós críticos. Dessa vez, conseguiu.