Por Domitila Gonzalez

Eu não sei o que tá acontecendo com a indústria do cinema. Sei que, nos últimos tempos, vem crescendo o número de filmes que exploram sexo, dorgas e rock and roll senão como temas principais, mas como participantes ativos da narrativa. Se liga: só o ator Matthew McConaughey está envolvido em duas produções do Oscar 2014 que incluem a tríade citada: O Lobo de Wall Street (Scorsese, 2013) e o da crítica da vez, Clube de Compras Dallas.

Gosto assim: o filme começa antes de começar. E o espectador atento percebe que entre fungadas de sexo selvagem e cocaína entrando pelo narigo do moço começa mais um megaproblema pro nosso protagonista.

Do pepino a gente começa a saber quando a galera se reúne pra contar dinheiros (adoro colocar essa palavra no plural; me julguem) da aposta do rodeio e então surge uma manchete de jornal dizendo que um figurão pegou AIDS.

E aí que eu começo a gostar mais da coisa toda. Foi bom o filme abordar de maneira aberta a questão que, quando o vírus começou a bombar, a galera ainda achava que a doença atacava exclusivamente homossexuais.

A história de Clube de Compras Dallas é baseada em fatos reais: o tal Ron existiu mesmo. Agora, pensa só: um cara machão, todo trabalhado no cinto e no chapéu de caubói, #vidaloka, doido de dorgas, descobre que tem AIDS e que sua expectativa de vida é de 30 dias. O que acontece? Aí é que começa a brincadeira. Ron não só contraiu o vírus como realmente começou a fuçar tudo quanto era coisa pra descobrir o que rolava com os medicamentos.

Por que eu achei legal a história dele ser escolhida pra ser contada? Porque ainda hoje – pasmem, telespectadores – existe gente que acredita que os soropositivos são sempre homossexuais. AND o que muita gente não sabe é que em 11 anos (de 2001 para 2012) os casos de AIDS em IDOSOS – veja bem, acima de 60 anos – AUMENTARAM 80%, Braseel! Isso significa um bocado de coisas. Entre elas, a falta de informação.

Bem diferente do filme novo do Leo, esse aqui tem um ritmo mais lento, mas nem por isso menos denso. O que, devo dizer, em termos de paciência pra assistir, me agrada muito mais. E também tira um pouco a minha preguiça de filmes porra-louca.

Matthew McConaughey dá um show de interpretação, mas, devo dizer – again – que Jared Leto roubou a cena TODAS as vezes em que apareceu. Qué dzê, o moço é bonito, canta bem e ainda é bom ator. Ok que ele tava parecendo a Zooey Deschanel com aquela peruca cacheada e o vestido florido no supermercado, mas nem ligo. Gosto dele mesmo assim.

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Resumo da ópera: de 30 dias, o cara durou 7 anos. Viajou o mundo atrás de informações e coquetéis específicos de remédios diferentes do AZT, que ainda tava sendo testado e dando o maior problema por causa de superdosagem. Aliás, beijo pra Direção de Arte que conseguiu resolver o Japão colocando um biombo e alguns cartazes em japonês, no fundo de cena. – Adoro.

É. É um baita filme, mas por causa do conjunto da obra. Os roteiristas Craig Borten e Melisa Wallack acertaram na mosca. E ver Matthew magrelo contracenando com um Jared Leto quase irreconhecível só fez crescerem as qualidades do longa. Gosto dos ruídos e dos silêncios, e da luz meio acinzentada que quase toma conta do filme. Gosto até da Elektra (Jennifer Garner) marretando a parede pra pendurar aquele quadro mequetrefe. Está concorrendo a 6 categorias, entre elas melhor filme, melhor ator, melhor ator coadjuvante e melhor roteiro original. Não sei se leva melhor filme, mas com certeza não sairá sem uma estatueta nesse Oscar. Assim espero, pelo menos.

Cinemascope-clube-de-compras-dallas (2)Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club)

Ano: 2013

Diretor: Jean-Marc Vallée

Roteiro: Craig Borten, Melisa Wallack.

Elenco principal: Matthew McConaughey, Jennifer Garner, Jared Leto

Gênero: Biografia, Drama

Nacionalidade: Estados Unidos.

 

 

 

Confira o trailer:

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