Por Felipe Teixeira

“Eu estou com a Força e a Força está comigo.” Repetida inúmeras vezes ao longo de Rogue One, o novo filme da franquia Star Wars lançado nesta quinta (15), em nenhum momento da projeção a origem da frase acima é apresentada por algum dos personagens ou o significado de “Força” é questionado. Pois não há necessidade. Em seu oitavo longa-metragem, e no primeiro spin-off da saga, o universo Star Wars já está mais do que estabelecido e mostra que a saga ainda tem muito o que contar com uma história consistente e extremamente bem-executada.

Situada entre os Episódios III (A Vingança dos Sith) e IV (Uma Nova Esperança), a trama apresenta como um grupo de rebeldes da Aliança se uniu para roubar do Império os planos para destruir a Estrela da Morte. Sem contar com a grande maioria dos icônicos personagens das produções anteriores, Rogue One destina todo o seu primeiro ato apresentando novos planetas e integrantes do Império e da Aliança Rebelde. E é principalmente nesta primeira parte que o design de produção de Doung Chiang e Neil Lamont merece elogios, capaz de criar uma série de lugares como Jedha, Eadu e Scarif com identidades próprias e bastante distintos uns dos outros, algo essencial para que o espectador não se confunda diante de tantas novas informações.

Povoando estes fantásticos locais estão personagens construídos por um elenco estreante na franquia, mas não menos fabuloso: os experientes Mads Mikkelsen (Galen Erso) e Forest Whitaker (Saw Guerrera) conferem peso a seus personagens marcados emocionalmente por uma longa luta contra o Império, e o sempre ótimo Ben Mendelsohn (Orson Krennic) dá vida a um vilão movido pela ganância com naturalidade. Liderando o grupo de rebeldes, a protagonista Felicity Jones (Jyn Erso) e Diego Luna (Cassian Andor) comovem pelo sentimento de entrega que adquirem ao longo do filme, enquanto Donnie Yen (Chirrut Imwe), Riz Ahmed (Bodhi Rook) e Alan Tudyk  (o carismático droide K-250) também revelam-se como relevantes adições ao elenco, que deve ser elogiado ainda por sua diversidade étnica e por ter pelo segundo filme seguido uma mulher como protagonista.

Com tantos personagens e planetas inéditos a serem apresentado apenas em um longa-metragem (Rogue One não terá continuação), o roteiro de Chris Weitz (A Bússola de Ouro) e Tony Gilroy (A Identidade Bourne) é eficaz na construção de uma trama complexa e notavelmente mais humana do que a de outros filmes da saga. Sem jedis e sabres de luz, o foco da história são seres humanos (e outras criaturas) espalhados pela galáxia que, inconformados com a supremacia do Império, buscam maneiras de criar uma nova esperança e derrubar seus dominantes, o que facilita uma rápida identificação do espectador com os novos rebeldes. Por isso, é contagiante perceber, por exemplo, como um personagem descrente na rebelião no início da projeção chega ao terceiro ato afirmando que rebeliões são baseadas unicamente no sentimento de esperança.

E quando a rebelião finalmente sai do escuro e parte para o combate, as sequências de ação, aliadas a efeitos visuais espetaculares, como de costume na franquia, são de encher os olhos. Pecando apenas por sua duração além do necessário, a batalha do terceiro do ato de ‘Rogue One’ é uma das mais realistas de todos os oito filmes e culmina em um clímax formidável, que encerra com perfeição a história do longa-metragem e estabelece uma belíssima conexão com o episódio IV.

Quando a Disney anunciou a compra da LucasFilm e a produção de novos filmes da franquia Star Wars, em 2012, o questionamento sobre o fôlego que a trama intergalática ainda teria era inevitável. Desgastada por uma fraca trilogia dirigida pelo seu próprio criador, George Lucas, Star Wars perdia espaço no imaginário da cultura pop, que ganhava novas franquias de sucesso e deixava um pouco de lado o universo de jedis. Dois filmes depois, o episódio VII e Rogue One mostram que Star Wars se expande de forma lúcida e instigante, deixando sempre a satisfação de conhecer cada vez mais um pouco deste universo tão fantástico criado há quase 40 anos.

rogue6Rogue One: Uma História Star Wars (Rogue One)

Ano: 2016

Direção: Gareth Edwards

Roteiro: Chris Weitz, Tony Gilroy

Elenco: Felicity Jones, Diego Luna, Forest Whitaker, Ben Mendelsohn, Mads Mikkelsen

Gênero: Fantasia, Aventura

Nacionalidades: Estados Unidos

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