Em sua estreia como diretor, com o filme Giovanni Improtta, o consagrado ator José Wilker se mostra desorientado, incapaz, preguiçoso e ingênuo no exercício da função. Na tentativa de construir um enredo que mistura – o cômico e a crítica social -, Wilker acaba por conceber uma “comédia pastelão” que abusa de caricaturas, situações esdrúxulas e gags fora de tempo, e que na pretensão de conscientizar quem o assiste, conquista apenas vergonha alheia.
Criado por Agnaldo Silva nos anos 70, ganhando fama com a novela Senhora do Destino, o personagem Giovanni Improtta é o típico contraventor carioca. Bicheiro, mulherengo, que abusa dos pronomes, evidenciando sua orientação limitada para com a língua portuguesa e que, ainda sim, consegue conquistar a todos com seu carisma e “agrados” direcionados às pessoas certas com o objeto principal de conquistar ascensão social. Na projeção acompanhamos sua trajetória e desventuras, em meio a problemas na sua vida pessoal, envolvendo traições, falta de aproximação com filho e acusações de assassinato, Giovanni tem com principal objetivo se estabelecer como membro da cúpula, organização de bicheiros poderosos e respeitados do Rio de Janeiro.
O principal erro de Wilker foi pressupor que o carisma do personagem pudesse sustentar o filme de modo geral. Assim sendo, percebemos um roteiro recheados de fendas e completamente raso, no qual subtramas são intercaladas de maneira desconexa, possíveis abordagens discursivas soam desprendidas, devido sua exploração equivocada e evidente descontrole na construção de cenas aparentemente simples. A impressão que fica é a de que o longa foi feito com o intuito apenas de o personagem principal poder vomitar bordões e frases “engraçadas” a cada minuto e que todo o contexto envolvendo essa condição não tem a menor importância.
Os planos de câmeras escolhidos são extremamente redundantes e não conseguem dialogar diretamente com o teor da cena. A montagem se perde em cortes desnecessários, falhando no desenvolvimento da ambientação do filme, algo que fica muito claro em mudanças abruptas de situação executadas sem qualquer naturalidade. E o mínimo que se poderia esperar de um filme dirigido por um ator são atuações de qualidade, contudo essa constatação não se faz valer, ao passo que nomes como Milton Gonçalves, Hugo Carvana, Paulo Goulart e Othon Bastos são desperdiçados devido à direção desencontrada, fazendo suas performances se tornarem dispensáveis.
Infantilóide, desnecessário, fraco e absolutamente mal elaborado, assim podemos resumir Giovanni Improtta e a estreia de José Wilker na direção. E ao assistir a projeção, a única coisa que passava pela minha cabeça era: “quanto desperdício de dinheiro, tempo e talento”.
George Clooney, Ben Afleck e Al Pacino, atores que ousaram transcender sua condição se aventurando na função de diretor e que revelaram um grande talento e aplicação conquistando o respeito e admiração de público e crítica, algo que Wilker infelizmente ficou muito distante de conseguir.
Ano: 2011
Diretor: José Wilker.
Roteristo: Agnaldo Silva, Rafael Dragaud, Mariana Vielmond.
Elenco Principal: José Wilker, Andréa Beltrão, Milton Gonçalves, Hugo Carvana, Paulo Goulart, Othon Bastos.
Gênero: Comédia.
Nacionalidade: Brasil.
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