Crítica do filme Hoje Eu Quero Voltar Sozinho

Por Lívia Fioretti

E se eu te dissesse que nem todo amor acontece à primeira vista?

A deficiência visual é apenas um dos temas abordados por Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, o trabalho que marca a estreia de Daniel Ribeiro como diretor de longas-metragens. Além das dificuldades relacionadas à cegueira, o filme retrata uma visão extremamente sensível sobre homossexualidade, conquista de independência, bullying e amizade. Sendo, acima de tudo, um filme que fala do amor em sua mais pura vertente.

O trabalho retoma o elenco, a história e as personagens do curta Eu Não Quero Voltar Sozinho (2010). Se não bastassem dramas comuns, Leonardo (Ghilherme Lobo) precisa lidar com a cegueira de nascença. Sempre acompanhado pela fiel escudeira Giovana (Tess Amorim), o jovem se depara com sentimentos desconhecidos quando Gabriel (Fabio Audi) chega à escola. A aproximação dos três trás a tona emoções como ciúmes e atração sexual, fazendo com que Leonardo descubra mais sobre si mesmo. Gabriel, não acostumado à condição do amigo, sempre comete gafes do tipo “você já viu este vídeo?” ou “vamos ao cinema?”, que em outra situação poderiam gerar momentos embaraçosos, mas acabam se tornando a porta de entrada para um mundo nunca explorado por Leo, que é impulsionado a descobrir novas experiências (como por exemplo, sair escondido a noite para ver um eclipse).

Dezenove filmes abordaram o universo gay na mostra Panorama do Festival de Berlim, sendo que poucas conseguiram fazê-lo da forma tão sutil e não sexualizada. O relacionamento dos meninos retoma um lado amoroso e cheio de carinho, que geralmente é abafado pelo estigma que já leva as pessoas a pensarem no sexo gay. O trabalho foi considerado pelo voto da crítica, além de receber o prêmio Teddy, destinado a filmes que abordam tal temática.

A trilha sonora e a fotografia também são cativantes e leves, fazendo com que o espectador se envolva na história, ficando nervoso com as pedras que o casal encontra no meio do caminho.

Mais do que os dramas da adolescência, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho transmite a beleza de ser um amor que nada vê, apenas sente e na urgência de um menino que sempre viveu enjaulado em descobrir o mundo.

Leia a nossa entrevista com o diretor Daniel Ribeiro AQUI.

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho