Em tempos de Vingadores: O Ultimato (2019), elogiar efeitos visuais de um Blockbuster é até redundante. Nessa era de filmes de herói a computação gráfica tem sido o principal chamariz para o público gastar tempo e dinheiro vendo o último sucesso de bilheteria. Um dos grandes momentos dessa pirotecnia no passado foi Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final (1991). O filme conta a história de dois androides que são mandados para o passado com a missão, um de proteger e outro de exterminar John Connor (Edward Furlong) ainda jovem, que no futuro será o líder de uma revolta contra as máquinas. Ver o robô de metal líquido atravessar as barras de um manicômio fazia a platéia ficar de queixo caído.
Depois de mais algumas continuações e até uma série de TV, a saga volta aos cinemas com Exterminador do Futuro: Destino Sombrio (2019). Nesse capítulo, todas as outras continuações são ignoradas e o filme é uma sequencia de O Julgamento Final. Mais uma vez, dois elementos vindos do futuro voltam ao passado com uma missão. Grace (Mackenzie Davis) é uma humana aprimorada e sua missão é proteger Dani Ramos (Natalia Reyes) de ser assassinada pelo Exterminador Rev-9 (Gabriel Luna). Em meio a tanta correria, tiro, porrada e bomba, eles esbarram com Sarah Connor (Linda Hamilton), que já tem uma experiência no assunto, que acaba ajudando na missão de salvar a moça.
A primeira coisa que salta aos olhos é um certo discurso de minorias. O protagonismo é de três mulheres, sendo que uma delas é latina, algo relevante de se pensar em um um filme produzido num país cujo o presidente é Donald Trump. Inclusive, temos momentos “precisamos atravessar a fronteira México / Estados Unidos”. O problema é que esse diferencial acaba não conseguindo se sustentar muito bem. O filme foca mais na pirotecnia e momentos de ação do que em construir de fato um discurso empoderador.
Um exemplo de um filme que conseguiu misturar cenas de ação e discurso “empoderador” foi Mad Max: Estrada da Fúria (2015). É até engraçado eu citar esse filme nessa crítica, pois, ao lado de Exterminador do Futuro, é uma saga que cresci ouvindo meu pai falar a respeito e acredito que muitos por aí também tiveram essa vivência. Enfim, Estrada da Fúria conseguiu, mesmo parecendo uma cena de ação de 2 horas de duração, construir um discurso feminista em meio a carros velozes, guitarras em chamas e homens glorificando motores de carros. Em Destino Sombrio esse ponto acabou sendo apenas um detalhe que precisa um esforço maior para identificar.
Uma das melhores coisas do filme é a presença de Arnold Schwarzenegger como um androide. O peso (corporal) do ator e sua falta de expressões, o transformam num ator ideal para o personagem. Na verdade isso foi desde sempre. Acho que a quantidade de músculos limitavam seus movimentos o que se tornava um facilitador na hora de ser robótico. Também é legal ver Linda Hamilton reprisando seu papel como uma Sarah bastante experiente, mas me parece que sua personagem fica meio perdida no meio da trama. Acaba não fazendo muita diferença tê-la ou não na equipe.
Eu sei que prometi não falar de efeitos visuais aqui, mas uma das coisas que me surpreenderam foi uma cena em que aparece Sarah Connor e seu filho John mais jovem. Ficou incrível o rejuvenescimento de Linda e a reconstrução do rosto de seu filho. Quis destacar esse ponto por que, apesar dessa presença maciça de efeitos visuais em Blockbusters nem sempre as coisas ficam muito bem feitas. Muito devido à necessidade de consumo rápido desse tipo de filme (ver bigode de Henry Cavill em Liga da Justiça). Mas aqui, eles capricharam bem nos detalhes. Acredito ser devido à produção de James Cameron, um mago dessa área que está fazendo as continuações de Avatar (2009) literalmente há 10 anos e, detalhe, Exterminador do Futuro 2 é direção dele.