Por Guilherme Franco
Em uma narrativa que foge do comum, o simples construído para ser poético, Sérgio Oksman nos apresenta O Futebol. Seguindo uma linha de filmes como Ela Volta na Quinta e Fique Comigo, esse documentário é cotidianamente observador, também lírico e singularmente popular. Takes fixos e os plano-sequências sempre presentes nas continuidades do filme é o que designa essas características.
A narração da história é construída em cima dos jogos da Copa do Mundo de 2014, fatídico momento de entrave futebolístico da Seleção Brasileira. Selecionados alguns desses combates, eles são projetados na tela e a história do pai de Sérgio vai sendo contada. Sempre contendo uma visão simples e duramente sentimental. Os poucos cortes do filme e o panorama silencioso e observador com a construção da história são como que uma oportunidade do diretor de se portar em um momento de luto. O espectador é colocado como companheiro da câmera, sempre observando tudo que se passa em sua volta e sentindo a dor da perda de um pai sempre analisado em planos parados.
A comicidade e excentricidade de Simão, que é um personagem presente e forte na trama, poderia ter sido mais explorado na obra. Ele mostra que tem vários dramas em sua vida, mas estes não foram tão desenvolvidos na tela como que, me parece, em uma forma de respeito pelo protagonista. O futebol é colocado em segundo plano e o filme se encaixa num making of ao extremo, tão explorado que um personagem dos bastidores deste grande evento esportivo se tornou o protagonista de um documentário.
Filmado com linguagem e características da ficção, sem a entrevista talking head e outros lugares comuns do documentário, é uma obra que lembra alguns aspectos de Iris, de Albert Maysleys, por conta desse detalhe de diário poético. O Futebol exige do espectador um distanciamento, calma e serenidade para relembrar aqueles dias em que tudo parava por conta de alguns homens correndo atrás de uma bola. O filme está na Seleção do Festival É Tudo Verdade deste ano aqui no Brasil e promete ser um momento tedioso ou profundamente reflexivo a quem assiste, a escolha é do espectador.
Ano: 2015
Direção: Sérgio Oksman
Roteiro: Carlos Muguiro, Sérgio Oksman
Elenco: Sérgio Oksman, Simão Oksman
Gênero: Documentário
Nacionalidade: Espanha
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