Por Ana Lucinski

Depois de vinte e dois anos um sucesso de ficção cientifica do início dos anos 90 ganha seu remake. O conto do autor Philip K. Dick, We Can Remember It for You Wholesale, mais conhecido como O Vingador do Futuro (Total Recall), estrelado anteriormente por Arnold Schwarzenegger e dirigido por Paul Verhoeven tem nova versão agora dirigido por Len Wiseman (Anjos da Noite) e estrelado por Colin Farrell (detalhe para o segundo filme estrelado originalmente por Schwarzenegger que ganha um remake).

O filme começa do mesmo jeito, com Doug Quaid (Colin Farrell) acordando de um pesadelo estranho. Como uma cena inicial pode dizer tanto sobre um filme? Bom, nesse caso, pode-se ter a distinção entre a versão original e o remake só por essa cena. No original de 1990, Quaid (Schwarzenegger) tem um pesadelo onde está em Marte com uma mulher desconhecida, ele então escorrega e seu capacete quebra, removendo o oxigênio e Quaid aparece morrendo com os olhos esbugalhados e a língua inchando, um pouco trash para os dias de hoje. No remake, uma mulher estranha tenta resgatar Quaid (Farrell) de uma espécie de hospital, uma fuga frustrada que acaba com ele acordando. A grande diferença está aí – época e conceito. Muito mudou no mundo e no cinema nos últimos vinte anos.

Doug Quaid vive uma vida monótona com sua esposa Lori (Kate Beckinsale), mas seus pesadelos incomodam sua mente, então ele decide procurar a Recall, uma empresa vendedora de sonhos. Impossível não fazer comparações. O original possui o espírito dos filmes de ficção dos anos 80, tanto em trajes como em cenários e cenas. Nele, Doug vai a Recall, que parece uma empresa séria, como uma agência de viagens. No remake, ela parece mais clandestina e menos segura.

A personagem Lori, originalmente interpretada por Sharon Stone, era uma agente feminina bastante delicada se comparada a Lori de Kate Beckinsale. A cena de luta do casal assim que Quaid volta da Recall chega a outro nível com Kate e Colin. Sei que a combinação Arnold e Sharon é um clássico, mas pertence aos anos 80, pois Kate e Colin garantiram uma cena de perseguição e luta bastante emocionante. Kate já é famosa por gêneros de ação, mas seu desempenho em O Vingador do Futuro foi sensacional, tirando o fato que sua personagem era um pouco obcecada e meio psicótica, ainda sim, sua atuação foi digna.

Houve uma mudança no roteiro, onde se via Terra e Marte, temos a United Federation of Britain (Grã-Bretanha) e a Colônia (Austrália). A história foi alterada em diversas partes e de certa forma adaptada a um mundo mais tecnológico do que se podia fazer em 1990. No original, o meio de transporte utilizado é o metrô que no remake nem funciona mais. As mudanças atualizaram o roteiro deixando-o mais dinâmico, antenado a tecnologia e cheio de ação. Temos no remake diversas perseguições, tanto a pé quanto de carro e até de elevador. Não mediram esforços para colocar difíceis cenas de ação no filme.

A história é a mesma e como a maioria dos filmes de ação, muita luta e correria e pouco conteúdo. O roteiro em si não é muito desenvolvido e pouco se tem de história. Se prestar atenção, não nas perseguições e nas lutas, torna-se perceptível a falta de conteúdo. Existe sim uma crítica ao mundo e a sociedade, mas esse tipo de crítica é tão clichê que o espectador nem se prende a ela, e sim a ação do filme. O remake foi produzido para ser um blockbuster, incluíram mais perseguições, muitas lutas e armas mais poderosas, sendo ainda mais fácil esquecer que existe uma história.

Apesar de tudo, bato palmas para os cenários. A cidade da colônia parecia uma ‘ favela tecnológica’ , casas amontoadas umas sobre as outras com estruturas idênticas, ruas apertadas, clima chuvoso e escuro.

Claro que os efeitos usados não são novidade pra ninguém, com tantos lançamentos cheios desses recursos esse ano, não há muito para surpreender. Lembrando que O Vingador do Futuro, de 1990, foi um filme revolucionário no quesito efeitos especiais de sua época.

Algumas cenas fazem referência clara a outros filmes de ficção. Para os aficionados, vocês podem encontrar o Quinto Elemento, Matrix, Eu Robô, Star Wars e Blade Runner. Foi inevitável pra mim, não teve como não reconhecer esses traços. Adorei as referências, que fizeram a direção ganhar pontinhos comigo depois disso.

Um “curtir” vai para o roteirista pela ideia de mudar o tempo de casados de Doug e Lori. Piadinha interessante, mas não vou tirar a cereja do bolo, e pra quem não se lembra, foram 8 anos de casados no original e não 7 como no remake.

O mais legal do filme foi reconhecer algumas falas, algumas usadas exatamente como no filme de 1990. Uma diversão a parte pra fãs  que já conhecem a história.

Bom, eu gosto do gênero, mas confesso que quando soube do remake não me empolguei muito. O original foi um clássico do gênero na época se tornando atemporal, e este acabou sendo apenas uma versão blockbuster mesmo.

Aviso: se você não gosta de filmes de ficção cientifica e ação com porrada e perseguições, não vá ao cinema assistir O Vingador do Futuro. Você pode sair com a sensação de que não há nada além disso.

 

Cinemascope---O-Vingador-do-Futuro-PosterO vingador do futuro (Total Recall)

Ano: 2012

Diretor: Len Wiseman.

Roteiro: Kurt Wimmer.

Elenco Principal: Kate Beckinsale, Colin Farrell, Jessica Biel, Bill Nighy, Bryan Cranston, Ethan Hawke, John Cho, Bokeem Woodbine.

Gênero: Ação.

Nacionalidade: EUA.

 

 

 

Veja o trailer:

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