Para sempre teu, Caio F.

Por Joyce Pais

Tendo como ponto de partida o livro homônimo de Paula Dip (que também coproduz o filme), Para sempre Teu, Caio F. é uma declaração de amor incondicional de Candé Salles, diretor e produtor, que ao longo de quatro anos, percorreu e revisitou o caminho do escritor gaúcho na tentativa de desvendar esta personalidade tão sedutora e misteriosa, ao mesmo tempo.

Caio Fernando Abreu foi um dos nomes mais importantes da literatura brasileira. Morto aos 47 anos, vítima da AIDS, deixou como legado uma imensidão de livros, estudos, peças e debates. Sempre polêmico e direto, Caio F. era um contestador de seu tempo e soube traduzir como ninguém o espírito dos anos 1980, as relações amorosas, a morte…a vida, porque não?

O documentário, narrado pela atriz Natália Lage, se constitui a partir de três recortes: depoimentos de amigos e familiares, imagens de arquivo e trechos com encenações de alguns escritos de Caio. Ainda que apresente um aspecto “amador” na captação de parte das imagens e do som, o filme é um retrato honesto e afetuoso – fruto de 60 entrevistas e 90 horas de material.

Vemos na tela depoimentos que revelam histórias cômicas e também melancólicas relacionadas ao escritor gaúcho. João Gilberto Noll, Lya Luft, Marcelo Rubens Paiva, Maria Adelaide Amaral, Adriana Calcanhoto são algumas das personalidades que aparecem na tela dando breves comentários.

No entanto, o balanço final é desfavorável a iniciativa de Candé, já que para fazer um filme memorável não basta se ancorar em seu objeto de interesse, nesse caso, a vida de Caio Fernando Abreu, como se sua simples e icônica existência fosse o bastante. As falhas técnicas, sobretudo de captação e montagem, que não soube articular de maneira inteligente as falas contidas no material, são tão evidentes que o longa provavelmente ficará restrito apenas aos fãs mais devotos do escritor.

Para sempre teu, Caio F.