Por Silas Mendes

(Participação especial Ccine10)

Kim Ki-Duk (Primavera, Verão, Outono, Inverno… Primavera; 2003) usa uma incomum história de vingança para falar sobre o poder do dinheiro e suas consequências em um mundo contemporâneo.

Kang-Do (Lee Jeong Jin) é um cobrador de dívidas, mas ele não simplesmente cobra os devedores. Ele os deixa aleijado, ele os agride de forma fria, sem qualquer emoção expressa em seu olhar, nem sequer sadismo é visto em sua face.

Após acabar o serviço, que deve sempre cobrir a dívida (uma mão = 30 mil, as duas = 60 mil),Kang-Do vai para sua casa onde espeta sua faca entre os seios de uma pintura de uma mulher nua, presa a parede.

Kang-Do vive essa rotina. Vazia e repleta de solidão. Solidão que se projeta quando ele alcança o orgasmos ao se roçar em um travesseiro enquanto dorme.

A rotina de Kang-Do muda quando uma mulher, Mi-Son (Jo Min-Su), aparece no meio de seu trabalho e o segue até em casa. Ela invade sua casa e começa a limpá-la, mas logo é expulsa por Kang-Do que reage com violência aos pedidos de perdão feitos pela mulher aos prantos.

Kang-Do não aceita de imediato a mulher como sua mãe e é nesse momento que reside a maior inconsistência do roteiro – a mudança de personalidade do personagem que ocorre de um momento para o outro. Ele que antes a rejeitava de forma brutal passa a aceitá-la completamente após uma das cenas mais fortes do filme.

Ela passa a cozinhar para ele. Eles comem fora e se divertem como mãe e filho, como se os 30 anos que os separam não existissem.

A obra possui um ritmo lento onde conhecemos e adentramos a rotina do personagem e é em seu ultimo ato que a trama mostra a que veio, mas ainda sim com o ritmo lento e reflexivo dos primeiros atos.

A fotografia e os cenários projetam e reforçam o sufoco dos personagens que se vêem devedores, cubículos apertados e escuros abrigam peças frias de metal e maquinas que muitas vezes servem de ferramentas a Kang-Do.

Desesperados em pagar suas dividas, os devedores são capazes até de se auto-mutilarem para conseguir mais dinheiro.

Pieta é uma obra multifacetada. Bruta, emotiva, violenta, crua, crítica e com personagens tão interessantes quanto o assunto abordado no filme.

“O que é o dinheiro?”, pergunta Kang-Do. “Ele pode trazer a vingança”, responde sua mãe.

 

Pieta (7)Pieta (Pietà)

Ano: 2012

Diretor: Ki-duk Kim.

Roteiro: Ki-duk Kim.

Elenco Principal: Min-soo Jo, Eunjin Kang, Jae-rok Kim.

Gênero: Drama.

Nacionalidade: Coreia do Sul.

 

 

 

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