Por Rafael Ferreira
Depois de assistir dezenas de filmes de zumbi que seguem o mesmo padrão, o gênero acaba se tornando uma repetição da mesma receita: o mundo acabou, sobraram alguns sobreviventes, que precisam se unir para sobreviver em meio a uma invasão de zumbis que tentam comer os cérebros dos protagonistas. Isso era o que eu esperava e, até grande parte da projeção de Porto dos Mortos fiquei decepcionado por estar acompanhando esta mesma história com personagens que não expressam nenhum tipo de emoção, mas a minha expectativa foi superada em determinado momento, tornando o filme mais interessante a partir de então.
Acompanhamos a trajetória de um personagem sem nome, conhecido como “Policial”, o típico personagem durão e caladão, que busca vingança de alguém que nem ele mesmo sabe quem é. Junta-se a ele um casal jovem que, assim como ele, buscam vingança de alguém que não sabem quem é. E procurar alguém sem as informações básicas como “quem, como, onde, e por quê” é uma tarefa sem sentido, mas… calma que isto fará sentido depois.
Como disse antes, o filme sofre bastante com a falta de expressão dos personagens, raríssimas vezes alguém esboça um sorriso, ou fecha o cenho, expressa medo ou derrama uma lágrima e nunca muda o tom de voz, o que me deixa em dúvida sobre quem são os zumbis na verdade, e por falar nisso, estes nem sequer se mostram ser uma ameaça, em momentos chegam a vagar tranquilamente próximos dos personagens como um gato sem dono que vaga pelo quintal de sua casa. Embora isto soe como uma qualidade negativa, ela reflete na natureza do homem, quase sem emoções como uma máquina, nos igualando aos zumbis.
Já que os zumbis não são a ameaça deste filme, este cargo é preenchido por uma entidade que até então desconhecia, o Passageiro Obscuro criado pelo diretor Davi de Oliveira Pinheiro em um curta-metragem de 2009. Como disse no primeiro parágrafo, a apresentação deste oponente sobrenatural veio como um presente para tornar o filme mais interessante. Quem é? Como é? Onde ela está? Por que ela faz o que faz? O simples fato de deixar em aberto estas informações torna o vilão muito mais interessante e misterioso. Lembra como alguns filmes de terror baseados na obra de Stephen King decepcionam quando revelam estas informações sobre o vilão? Pois bem, este é um erro não cometido neste filme.
Porto dos Mortos ainda tem o que aprender com o gênero survivor, como a empatia com os personagens, mas o mesmo me entregou algo que eu não estava esperando, e isto foi uma surpresa agradável.
Ano: 2010
Diretor: Davi de Oliveira Pinheiro
Roteiro: Davi de Oliveira Pinheiro
Elenco Principal: Rafael Tombini, Álvaro Rosa Costa, Ricardo Seffner
Gênero: Terror
Nacionalidade: Brasil
Confira o trailer: