Por Silas Mendes

Segundo longa de Marco Dutra, diretor e roteirista de Trabalhar Cansa, com Marat Descartes, Antonio Fagundes e Sandy Leah, Quando Eu Era Vivo é a adaptação do livro de Lourenço Mutarelli “A Arte de Produzir Efeito Sem Causa”.

Junior, vivido por Marat Descartes, acaba de se sair de casa com o fim de seu casamento e como não tem para onde ir retorna ao apartamento onde cresceu e onde seu pai, Senior, ainda vive, mas com uma nova decoração após a morte da esposa e mãe de Junior, Olga.

De forma gradual, Junior passa a reviver os momentos de sua infância, primeiro em sonhos onde recorda do irmão mais novo e em segundo momento ao encontrar objetos que pertenciam a mãe, objetos que foram todos encaixotados e deixados de lado por seu pai e que, aos poucos, vão acabando com a organização “clean” de Senior ao preencher os espaços com quadros velhos e os tais objetos de sua mãe, o que parece provocar um incômodo incomum em Senior.

Não há muito que se possa falar sem entregar parte da história e estragar a “experiência”, então prefiro ressaltar o brilhantismo da parte técnica do filme, que funciona como protagonistas a parte do personagem de Marat, como a fotografia, branca, “limpa” e que ao longo do filme vai ganhando tons amarelados que, além de atribuir uma nova atmosfera, dão muito espaço para ambientes escuros e assustadores.

Responsável por momentos de tensão absoluta, o som é pra mim um ‘astro’ no filme. Os móveis ganham peso e um certo toque de vida através dos sons claramente mais destacados que produzem ao menor movimento e, é claro, a trilha sonora, personagem de fato. Sendo descoberta aos poucos, uma partitura pertencente a mãe de Junior, garante ao melhor momento do filme uma atmosfera de incomum beleza  que auxiliada a fotografia e incrível iluminação cria um quadro belo e bizarro.

Outro elemento importante é o cenário em si, como Marco Dutra destacou durante a coletiva de imprensa no ultimo dia 27, no Cine Livraria Cultura, onde temos o apartamento caminhando ao lado do personagem, ambos numa relação quase simbiótica, ao que Junior se apega mais aos objetos encontrados, o apartamento parece ganhar vida na loucura de Junior.

Quando Eu Era Vivo é uma obra que trata da incomunicabilidade, uma possível alegoria para a relação silenciosa entre pai e filho, certamente uma obra única com um tom diferente de outros filmes do gênero, que com certeza causará estranhamento.

Cinemascope-quando-eu-era-vivo (1)Quando eu era vivo

Ano: 2013

Diretor: Marco Dutra

Roteiro: Gabriela Amaral Almeida, Marco Dutra

Elenco Principal: Antônio Fagundes, Marat Descartes, Sandy Leah.

Gênero: Drama, Terror, Thriller Psicológico.

Nacionalidade: Brasil

 

 

 

 

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