Por Frederico Cabala
Dirigido e roteirizado pelo francês Gilles Bourdos, Renoir — lançado em 2012 mas só agora em cartaz por aqui — é um filme de imagens bem mais envolventes que os diálogos.
O impressionista Pierre-Auguste Renoir (Michel Bouquet) pinta seus últimos trabalhos em 1915. Já velho, mora no litoral campestre francês, numa propriedade repleta de empregadas. Todas atendem a seus imperativos e o ajudam a lidar com a artrite que avança pelas mãos.
A essa altura, Pierre-Auguste se dedica a retratar paisagens, objetos da natureza e corpos femininos. Tem preferência por cores claras, justamente as que compõem a estética visual do longa.
Desde que Dedée (Christa Theret) se oferece como modelo, Pierre-Auguste fica encantado com a moça de cabelos ruivos. Seus quadros ganham nova inspiração e ele passa a retratá-la frequentemente. É quando o jovem filho de Renoir, o futuro cineasta Jean (Vincent Rottiers), volta pra casa como convalescente da 1ª Guerra e tem também a vida estremecida pela presença da modelo. No futuro, Dedée estrelaria sob o codinome de Catherine Hessling nos primeiros filmes de Jean Renoir.
Numa trama que envolve figuras históricas importantes, interessante como é a personagem Dedée que ganha força nos quadros do filme enquanto a perna ferida de Renoir filho cicatriza e a artrite de Renoir pai piora; enquanto o filho inicia seus rumos pela nova arte da imagem em movimento e o pai é forçado a se distanciar da antiga arte da pintura.
O filme não pretende biografar o pintor Auguste Renoir, já na fase final da vida. Tampouco é sobre a vida do diretor do realismo poético Jean Renoir, ainda sem saber que rumo tomar. Mas evidencia a importante e pouco conhecida participação da modelo na relação e no trabalho de ambos.
A direção opta por um trabalho contemplativo. Travellings calmos e planos longos, além da narrativa linear demais, tornam o filme arrastado em grande parte. Visualmente, porém, é muito bonito. A fotografia, assinada por Mark Ping Bing Lee, tem grande mérito por conseguir transpor para a tela os tons das pinceladas do pintor.
Assim como o fotógrafo do filme, merece destaque Michel Bouquet. Ele garante a dureza do olhar seguro de Pierre-Auguste, também transmite com sensibilidade a dor da doença. A cada tremor de mãos a gente sente que treme junto. Uma aula de arte num longa que é também sobre uma família que parecia carregar a arte como gene dominante.
Ano: 2012.
Diretor: Gilles Bourdos.
Roteiro: Gilles Bourdos, Jérôme Tonnerre.
Elenco Principal: Michel Bouquet, Christa Theret, Vincent Rottiers, Thomas Doret.
Gênero: Drama.
Nacionalidade: França.
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