Por Lívia Fioretti
Não é segredo para ninguém que a maioria dos países europeus estão passando pela maior crise econômica dos últimos tempos e a Itália, infelizmente, é um dos mais afetados. Graças a isto, muitas instituições que dependem do investimento estatal estão cortando gastos.
Smetto Quando Voglio conta a história de Pietro Zinni (Edoardo Leo), um brilhante neurobiólogo que perde seu emprego em uma universidade romana de uma hora para a outra, por causa das demissões em massa. Sem chance de conseguir qualquer outro contrato e pela situação com sua difícil namorada Giulia (Valeria Solarino), o rapaz que possui 37 anos nas costas é forçado a encontrar meios alternativos de sobreviver, mesmo que isso inclua viver as margens da lei.
Após cair de paraquedas em uma balada graças a um aluno devedor, Pietro percebe o quão lucrativo pode ser o ramo das drogas químicas (tipo ecstasy) e descobre que é necessário apenas alterar uma molécula para manter sua criação longe das listas de substâncias banidas do país. Para gerar o que acaba sendo considerada “a melhor droga de todos os tempos” o rapaz decide juntar uma gangue de ex-pesquisadores universitários que acabaram sendo renegados pela sociedade: o químico Alberto (Stefano Fresi), que era o maior nome da área e atualmente lava pratos em um restaurante chinês; Mattia (Valerio Aprea) e Giorgio (Lorenzo Lavia) que passaram de doutores em latim a frentistas de um posto de gasolina; Andrea (Pietro Sermonti) é o antropólogo desempregado responsável pela camuflagem do grupo nos diferentes ambientes da subcultura italiana; o arqueólogo Arturo (Paolo Calbresi) é recrutado por possuir uma van do Ministério (o que oferece acesso irrestrito a todas as áreas da cidade) e o microeconomista Bartolomeo (Libero de Rienzo) se torna o consultor de negócios enquanto foge de uma família de ciganos por suas dívidas de poker.
Além de obviamente inspirado na série Breaking Bad, o filme retrata a atual condição social generalizada e a consequente insegurança que o cenário carrega. Esta combinação estranha de comédia tipicamente italiana (e atual, considerando o contexto da crise) encenada como um filme hollywoodiano é o que a torna original; um exemplo disso são as cenas iniciais: tomadas aéreas de Roma a noite (que mais parece Los Angeles) com uma qualidade impecável e ao som de “Why Don’t You Get a Job” do Offspring.
A fotografia é caracterizadamente pop, com correções ácidas e saturadas, potencializando o visual baladeiro e drogado, onde se passam a maioria das cenas. Além de personagens muito bem caracterizados e efeitos especiais, a direção e edição ritmadas contribuem para a construção história de forma divertida e animada.
Obs: O filme foi exibido no Caixa Belas Artes e no Cine Livraria Cultura, durante o 10o Festival de Cinema Italiano em São Paulo.
Ano: 2014
Direção: Sydney Sibilia
Roteiro: Valerio Attanasio
Elenco principal: Edoardo Leo, Valeria Solarino, Valerio Aprea.
Gênero: Comédia
Nacionalidade: Itália.
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