O que esperar da adaptação de um jogo de video game de um ouriço azul correndo? Acho que não muita coisa. E é justamente isso que Sonic: O Filme entrega.Depois dos trailers não terem agradado ao público, que reclamou do visual mais realista (eu diria tosco) criado originalmente para o personagem nas telonas, os produtores resolveram recriar o personagem com o visual mais próximo ao dos games, com pernas mais finas e olhos grandes. Ficou até interessante.
O antagonista ficou por conta de Jim Carrey, que interpreta o arqui inimigo Robotnik, que quer capturar o azul para realizar experimentos e aperfeiçoar seus equipamentos. Para fugir do vilão, Sonic (Ben Schwartz) conta com a ajuda do humano Tom Wachowski (James Marsden) que é policial de uma pequena cidade do interior.
As motivações do filme e o desenvolvimento dos acontecimentos têm boas desculpas para acontecerem, o problema maior talvez sejam os próprios personagens, a começar pelo Sonic. A característica principal dele seria de alguém hiperativo, que não consegue ficar quieto um segundo e que tem um língua tão rápida quanto seus pés. Porém, o personagem por si só não é o suficiente para construir essas características, principalmente de ser alguém tão tagarela ao nível de ser irritante. Tanto que diversas vezes o seu parceiro de viagem precisa ficar afirmando constantemente que o personagem é irritante.
O mesmo se aplica ao Robotnik. Ele não consegue ser um vilão convincente. Apesar de Jim Carrey recorrer ás suas marcantes habilidades caricatas faciais e corporais, ainda assim, o personagem não consegue ter uma identidade própria. Conseguimos ver apenas o Jim fazendo gracinhas e não o Robotnik.
Acredito também que muito disso é para alcançar um público mais infantil. Por isso o filme aposta num humor meio “bobo”, mais visual, com Jim Carrey fazendo caretas e com o Sonic fazendo referências a “dancinhas da internet”. O que não é desculpa para a realização de um longa.
Fiquei pensando também sobre a necessidade da existência de um personagem humano acompanhando o Sonic. Como se, mais uma vez, o estúdio não acreditasse no potencial do personagem isolado. O que foi um acerto é que o filme traz muitas referencia ao universo dos games. O embate final entre Sonic e Robotinik, por exemplo, é claramente um enfrentamento dos personagens em um final de fase dos jogos. E, como era de se esperar, o final deixa brechas para possíveis continuações. Tanto na história quanto em cenas pós-créditos que dão espaço para novas possibilidades. Resta ver se o filme será rentável.