Por Aline Fernanda
Vencedor do Urso de Cristal de Melhor Filme da Mostra Generation 14plus, do Festival de Berlim 2014, e Melhor Direção no Sundance Film Festival 2014, o longa foi exibido no Brasil no Festival do Rio 2014 e no 22° Festival Mix Brasil de Cultura e Diversidade.
Toda Terça-feira conta a história de Billie (Tilda Cobham-Hervey), uma garota de 16 anos, que precisa se mudar para a casa do seu pai contra sua vontade, quando sua mãe decide fazer uma cirurgia de mudança de sexo. Sua mãe, que agora se chama James, limita seu tempo com a filha às tardes de terças-feiras. Ao longo do ano Billie começa a explorar seus desejos junto com dois amigos, e suas descobertas sobre afeto e sexualidade passam a afetar seu relacionamento com James.
A beleza do Toda Terça-feira está na sutileza e naturalidade com que o assunto é tratado, além da passagem pela adolescência (que é uma verdadeira guerra com hormônios, desejos, descobertas, dúvidas, etc.), Billie precisa aceitar/entender o desejo de sua mãe de mudar de sexo. O filme começa mostrando Billie gravando um vídeo contando como era seu relacionamento com sua mãe, forte e sincero, antes de saber da cirurgia e da mudança de casa.
Quando James pede a Billie para morar com o pai o relacionamento das duas se quebra, mais do que a mudança da mãe é a distância (emocional e territorial) que deixa a menina desconfortável, além do fato de ser a última a saber da escolha da mãe. Lidar com mudanças é difícil para qualquer pessoa, lidar com várias mudanças em um momento de mudanças (a adolescência) é uma verdadeira batalha.
O longa vai além, ele mostra como uma adolescente que perde o apoio e “colo” lida com isso, claro que cada pessoa lidaria com a situação de uma maneira, mas aqui o foco é a Billie e como o mundo dela foi afetado pelas escolhas dos adultos. O pai com quem vai morar trabalha fora e está ausente, para compensar deixa com que a filha faça o que bem deseja e não tenta saber o que acontece com ela. A mãe tirou o corpo fora, além do afastamento da casa tem também a falta de interesse pela educação da filha.
Nesse meio tempo Billie faz dois amigos e com a ajuda do tio (irmão da mãe) acha um lugar para continuar a encontrar com eles durante as férias da escola. No começo da relação Billie é uma voyeur, mas logo se envolve com o casal de amigos e entra em uma espiral, até que os encontros com os amigos têm mais a oferecer do que os encontros com sua mãe.
James tem um problema com a testosterona e precisa interromper o processo e os planos para sua transição. Até aqui as coisas caminhavam bem entre eles, mas depois dessa mudança Billie se vê em uma situação menos confortável sem prazo de término.
A jovem cresce muito durante o tempo e no final vemos uma mulher no lugar da garotinha indefesa do começo do filme, todos os personagens amadurecem muito com sua trajetória, mas o mais bonito é ver como Billie cresceu e conseguiu lidar com seus demônios.
Além de um roteiro bem escrito e uma história sensível, Toda Terça-feira tem uma fotografia belíssima que dá ao filme a beleza e carga dramática necessária para ser mais do que um simples filme sobre família.
Toda Terça-feira (52 Tuesdays)
Ano: 2013
Diretor: Sophie Hyde
Roteiro: Matthew Cormack
Elenco Principal: Tilda Cobham-Hervey, Del Herbert-Jane, Mario Späte
Gênero: Drama
Nacionalidade: Austrália
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