O que nos levaria a pensar que dentro de um baú em um quarto escuro podem existir brinquedos que tomam vida? No universo de Toy Story, brinquedos não são meros artefatos plásticos que se transformam em sucata com o tempo. Há 15 anos, a Pixar é responsável por instigar a imaginação de crianças ao redor do mundo por meio de personagens que marcaram a história da animação, como Woody e Buzz Lightyear, os protagonistas da franquia.Nessa nova produção, o famoso caubói e o policial espacial enfrentam um grande dilema: Andy está com 17 anos e prestes a mudar-se para a Universidade, mas o que à primeira vista seria simples e natural, tornou-se o pior pesadelo de toda a sociedade de brinquedos que há muito tempo já se sentiam “esquecidos” por seu dono.Assim que o garoto começa a separar os brinquedos para doação, são evocadas lembranças de sua tenra infância ao lado dos seus “heróis” de plástico. O desenvolvimento do filme se estabelece quando parte dos brinquedos vão, por engano, para a creche Sunnyside. Nesse sentido, brinquedos e amigos de longa data se unem em torno de um único objetivo – fugir de lá antes de serem destruídos.
A fim de resolver a situação, o xerife Woody tenta tomar as rédeas. Mas o fato é: eles não estão participando da mais importante fase da vida do garoto, já que durante seu crescimento, ele foi gradativamente os deixando de lado.
Em Toy Story 3, o “elenco” ganha 14 novos personagens que trazem para esse universo simbólico mais cor e diversão, e como não podia faltar, temos um ingrediente a mais, um vilão chamado Lotso. Ironicamente ao seu posto na trama, ele é um urso com cheirinho de morango que vai parar no lixão. Sua turma de comparsas é composta pelo boneco Ken e pelo robô Faísca que sempre obedece à todas as suas ordens.
O filme apresenta uma boa proposta – mostrar o amadurecimento do personagem principal e o quanto isso é difícil para seu amigo Woody. É interessante destacar a forma pela qual é retratada a despedida do garoto para ir a Universidade e, consequentemente, morar longe de casa.
A abordagem do amadurecimento de Andy começa com essa importante mudança, que não acontece com a maioria dos estudantes brasileiros. Essa cultura americana está presente na vida dos jovens, que começam a sonhar desde cedo em se mudar para o campus de sua faculdade preferida. É uma marca importante que assinala o crescimento e a passagem para a vida adulta.
Ao escolher Woody para ir consigo, Andy deixa claro que, sim, está crescendo, mas que seus anos de brincadeiras na casa dos pais jamais serão esquecidos. O boneco é o escolhido por sempre estar presente, por representar todos os seus brinquedos e a sua – ou nossa – infância.
A tecnologia não está presente só na produção, mas principalmente em seu roteiro que se mostra muito inteligente e eficaz. Nos primeiros minutos na casa de Andy, assim que o dinossauro Rex descobre que vai ser doado, se desespera e diz: “Vamos ver quanto estou valendo no eBay?”. A fala demonstra que sua atualização e pertinência não se limita à aspectos técnicos.
Uma das marcas evidentes de Toy Story 3 é a sensiblidade conferida aos personagens quando estão com vida na ausência de Andy. A maneira que eles falam do garotinho, as expectativas que têm quanto à sua adolescência, já que para eles o garoto nunca cresceria, são detalhes que estreitam a necessária ligação filme-espectador.
A proposta do terceiro longa é valida e construtiva. Focado na oposição entre bem e mal, o trabalho que, a princípio, se destinava ao público infantil, após um sucesso estrondoso de bilheteria na semana de estréia ganhou outras versões que se adequassem a todas as faixas etárias, desde crianças até adolescentes e adultos.
Um dos seus diferenciais é a originalidade nas falas, as poucas restrições verbais, diálogos claros e curtos, facilitando a absorção de informações pelo receptor. Outro setor que merece destaque é a trilha sonora original “Amigo estou aqui” composta por Randy Newman e interpretada por Woody e Buzz, conquistando indicações ao Oscar.
Assim como o pequeno Andy cresceu sob os olhos do público, que o acompanhou desde a infância até o início da fase adulta, o espectador também passou boa parte de sua vida se identificando com uma sorte de sentimentos puros como amizade e companheirismo transmitidos e valorizados pelo filmes.
Assim que Woody “muda de casa” e fica sob os cuidados da garotinha Bonnie, uma pista é deixada para os fãs de Toy Story sobre uma possível continuaçãp. Ainda que seja cedo demais para afirmar ou garantir qualquer coisa, ao dizer as seguintes palavras: “Nós vamos mantê-los vivos, eles não vão embora para sempre”, o diretor Lee Unkrick deixa em aberto essa questão e mantém otimistas admiradores de seu trabalho realizado até aqui.
Ano: 2010.
Diretor: Lee Unkrich.
Roteiro: Michael Arndt.
Vozes: Tom Hanks, Tim Allen, Don Rickles.
Gênero: Animação.
Nacionalidade: EUA.
Veja o trailer:
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