Texto e foto por Luciana Ramos
Os atores Sir Patrick Stewart e James McAvoy vieram ao Brasil para promoverem X-Men: Dias de um futuro esquecido, mais novo filme da saga que acontece em dois períodos da história. Ambos interpretam o professor Charles Xavier e em determinado momento se encontram em cena. Eles, que se conheciam apenas por breves momentos no tapete vermelho, falaram sobre o personagem e a importância deste encontro para o futuro da saga.
Patrick Stewart, renomado ator com mais de cinquenta anos de carreira, confessou ter relutado de início em interpretar Charles Xavier. “Eu tive um pouco de resistência em aceitar fazer um personagem tão identificável no mundo dos HQs, mas o diretor Bryan Singer me persuadiu que este seria um filme diferenciado sobre quadrinhos por tratar de algo mais substancial e humano, e de fato ele é”.
Já McAvoy, que ao longo da última década se firmou em Hollywood como um dos grandes talentos da sua geração, sentiu-se desafiado em encarnar uma outra faceta do professor X. Sobre o seu Charles Xavier, afirmou “eu fui de encontro ao personagem tão amado que Patrick tem desempenhado pelos últimos 14 anos por acreditar que essa é a sua “responsabilidade como ator”. Ainda sobre o assunto, acrescentou: “é difícil saber o limite, o quão distante podia ir da interpretação que ele deu de Xavier e isso era empolgante”.
McAvoy discursou acerca das características do personagem: “Charles consegue atravessar a dor e aguentar toda a tortura porque ele tem um grande cérebro e um coração maior ainda”.
Catorze anos depois do primeiro filme, Stewart ressalta a importância do novo longa no rumo do seu personagem: “Ele é um homem devotado a negociações e em falar ao invés de agir mas, nesse último filme, descobre não ter saída e é forçado a fazer uma escolha que vai afetar a humanidade”. McAvoy adicionou: “Em X-Men: Primeira classe ele é retratado como alguém vaidoso e egoísta, como se ele fosse um turista observando a dor dos outros. X-Men: Dias de um futuro esquecido dá a Charles a sua própria dor, para que ele possa entender a dos outros”.
McAvoy revelou ter ficado tenso em ficar cara-a-cara com o veterano Stewart. Sobre a cena, falou: “os roteiristas criaram uma distância segura entre a personalidade dos dois Xavier” o que, para ele, resultou na dificuldade que ambos tiveram em se reconhecer na outra face, mesmo tendo consciência de que são a mesma pessoa.
Stewart discorda sobre essa diferença por afirmar que “em algumas ocasiões, olhando James na tela, eu pude me ver”. Sobre a experiência, disse ter ficado muito satisfeito e adicionou: “Eu consigo ver agora: “Star Trek: Dias de um futuro esquecido”, referência ao seu papel de Jean-Luc Picard na saga.
Quando perguntado sobre que poderes mutantes gostaria de ter, McAvoy brincou: “eu acho que seria o superpoder de fazer as pessoas gostarem de mim”. Ainda usando a trama do filme como referência disse que, se pudesse, não mudaria nada significativo no seu passado, apenas “voltaria para dizer ao meu “eu” mais novo: se contenha um pouco mais nas atuações”. Sobre isso, Stewart afirmou que diria à sua versão mais jovem: “relaxe e se divirta, não leve as coisas tão a sério”.
Indagados sobre que lado escolheriam caso fossem mutantes, McAvoy disse que “seria difícil resistir ao apelo de Magneto, porque eu realmente acho que ele tem um excelente argumento”. Já Stewart brincou dizendo: “eu acho que eventualmente escolheria o que tem o melhor uniforme”.
A saga de X-Men trata da batalha que os mutantes enfrentam por não serem aceitos em um mundo de humanos. Para ambos, a maior metáfora de todos os filmes é a perseguição por ser diferente. Para McAvoy, o interessante é o apelo humano que a saga traz: “o dilema que eles enfrentam tem a ver com a perseguição e o abuso por serem diferentes e, além disso, há o conflito interno de se assumirem como são, de mostrarem sua verdade interior ao mundo”. Ainda adicionou: “eu sempre achei que Charles fosse o X-Men mais humano por ser o que enfrenta todas estas questões com mais serenidade e controle”.
Traçando um paralelo com a sociedade atual, Stewart falou sobre os avanços da luta contra intolerância: “estamos passando por um período agora onde parece haver tanto ressentimento, ódio e violência. Porém, vimos transformação em outras áreas, onde grupos que nunca esperavam atingir a igualdade o fizeram e isso me encoraja a acreditar no futuro”.
Ressaltou, ainda, a importância do seu amigo e colega de trabalho nesta jornada: “Sir Ian McKellen foi muito corajoso em assumir a sua homossexualidade em uma época de pouca tolerância e isso merecidamente o transformou em um ícone no Reino Unido”. Ele ainda disse: “nós estamos avançando, apesar de parecer que caminhamos um passo para frente e dois para trás; sempre senti uma confiança no poder da evolução das relações humanas, e essa é uma convicção que tenho em comum com Charles Xavier”.
Ambos os atores descartaram a possibilidade de um spin-off só com o professor X. Acerca disso, McAvoy brincou que “Charles é muito mais um professor e um líder e eu acho que um filme solo com ele só seria possível nos anos 1960 durante as férias, numa escola sem estudantes”.